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Sete idosos de Lisboa vão ter bailado baseado na sua vida

07 abr, 2012

Espectáculo vai ter lugar nas suas próprias casas, mas poderá vir a transbordar essas quatro paredes.

Sete idosos de Lisboa vão ter bailado baseado na sua vida
Sete idosos que vivem sós e isolados em andares na zona do Intendente, em Lisboa, vão assistir em casa a espectáculos criados com base nas suas vivências. O projecto é da coreógrafa Madalena Victorino e pode ser alargado a mais população.

"São pessoas que têm uma idade avançada – 80 e muitos e 90 anos – e vivem sozinhas nas suas casas. Muitas estão em andares altos, o que inviabiliza ainda mais a saída à rua", refere a coreógrafa, formadora do curso de Artes Performativas da associação cultural SOU – Movimento e Arte, sediada perto do Intendente e que tenta envolver a comunidade nas suas acções.

Numa das acções, Madalena Victorino decidiu "ir à procura de um sector social do bairro que muito poucas oportunidades tem de fruir do espaço público e do contacto com as pessoas da rua". E surgiu a ideia.

Através da Santa Casa da Misericórdia, conseguiu, com os alunos do curso, aceder a um conjunto de idosos que os receberam, numa primeira fase, em suas casas.

Durante as visitas surgia sempre a pergunta: "Gostariam de receber um espectáculo na sua própria casa, que de alguma forma estivesse ligado às conversas que acabaram de ter?", conta a coreógrafa à agência Lusa.

Foram sete os que quiseram, dois homens e cinco mulheres, mostrando-se "muitíssimo contentes" com a ideia.

Madalena Victorino está assim a preparar "um conjunto de pequenas peças que se inspiram e usam a matéria para a sua construção das conversas, que são feitas de impressões sobre a personalidade das pessoas, do tipo de espaço que habitam, das memórias que têm da sua profissão, da sua relação com a cidade e da constituição familiar".

Quando os espectáculos, que são "sequências de dança e música ao vivo", estiverem prontos, vão ser levados a casa das pessoas que manifestaram vontade e "oferecidos como presente".

A coreógrafa admite que, depois desta experiência, os bailados possam "vir a ser mostrados em casa de outras pessoas que possam ter vontade de receber um espectáculo, que já não será sobre a sua própria vida, mas de um vizinho".

“Há ainda a ideia de refazer estas peças para um público mais alargado, mas que não será nas casas das pessoas", adianta.