Agricultores vão pedir ao Governo medidas contra a seca

Os agricultores querem que o Governo tome medidas de imediato para minimizar os efeitos da seca. É um pedido que vai ser feito esta sexta-feira à ministra Assunção Cristas, que se desloca à margem esquerda do Guadiana para inaugurar a primeira fase do projecto de electrificação da Serra de Serpa. 

A ministra da Agricultura vai ser confrontada com as preocupações dos agricultores, numa altura em que se teme o pior para o sector por causa da ausência de chuva.

Conscientes do período difícil que o país atravessa, os agricultores dizem que não querem dinheiro, mas pelo menos que a ministra da Agricultura leve a situação a Bruxelas e que se tomem medidas, sem custos, e que podem minimizar os efeitos da seca que se faz sentir nos campos alentejanos.

“Prorrogações de prazos e obrigações que os agricultores não podem cumprir devido à seca são medidas que precisam da autorização de Bruxelas, não custam dinheiro mas aliviam os agricultores dos seus compromissos”.

Sebastião Rodrigues, presidente da Associação de Agricultores do Concelho de Serpa. Na margem esquerda do Guadiana a situação é grave, assegura este dirigente: “Caso não chova, medidas no sentido do abeberamento animal, água disponível para as explorações, estamos a falar de zonas que não têm caminhos de rega, zonas onde por exemplo o Alqueva não chega, portanto são zonas que têm de ser tratadas.”

O representante dos agricultores manifesta preocupação de que a zona não vai aguentar mais uma seca: “Mais uma seca em cima destes agricultores é a desertificação total desta serra de Serpa, serra de Mértola, Paço de Moura, Sobral da Adiça. As pessoas vivem lá e é algo que me preocupa, os agricultores não estão preparados para mais uma seca.”

Estas são as preocupações que os agricultores alentejanos vão partilhar hoje, no terreno, com a ministra Assunção Cristas.

A ministra da Agricultura vai à margem esquerda do Guadiana para inaugurar a primeira fase da electrificação da Serra de Serpa, um projecto teve início em 2010, com o então ministro do Governo PS, António Serrano.

Hoje cerca de sete dezenas de explorações agrícolas ganham um nova perspectiva de vida com a chegada da luz eléctrica, salienta Sebastião Rodrigues: “É um sonho tornado realidade. O projecto tem duas fases, uma primeira que são cerca de 70 explorações agrícolas que já têm electricidade.”

Trata-se de uma conquista que é tanto social como profissional, explica o dirigente. “Vai-se colmatar uma situação também social, pessoas que não tinham electricidade nas suas casas, pessoas que vivem nas suas propriedades, a nível social isto é importante e a nível de toda a indústria agrícola é importantíssimo, as pessoas podem começar a trabalhar como a maioria dos agricultores portugueses trabalham, com electricidade da rede, que é muito mais barata do que os outros meios de produção, como o gasóleo e os geradores”.

O projecto de electrificação da Serra de Serpa desenvolve-se em duas fases e, no total, deverá abranger cerca de 200 explorações agrícolas.