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Receitas do Europarque não chegam para amortizar dívida, diz autarca

19 nov, 2011

Já o Bloco de Esquerda acusa a AEP de não saber gerir o centro de congressos de Santa Maria da Feira.

O presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Alfredo Henriques, considera “bastante positivas” as receitas conseguidas pelo Europarque, mas diz que são insuficientes para amortizar a dívida.

“Em termos de despesas de exploração e rácio com as receitas, as receitas do Europarque são bastante positivas. Estamos a falar de 17 milhões de euros de diferencial, agora, é claro que isso não chega, nem é possível satisfazer os compromissos em termos de pagamento de juros e de amortização de capital. O máximo que foi possível amortizar até hoje foi perto de cinco milhões de euros”, disse à Renascença o autarca social-democrata.

O presidente da Câmara de Santa Maria da Feira revela à Renascença que já foi solicitada pela autarquia e pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), entidade detentora da maioria do capital do centro de congressos, uma reunião com carácter de urgência à Secretaria de Estado do Tesouro.

“O Governo é que vai pagar, naturalmente terá que dizer o que pensa sobre o futuro do Europarque. Apesar de estarmos a tentar, ainda não tivemos essa reunião”, adianta Alfredo Henriques.

Caso venha a ser accionado o aval, a Câmara de Santa Maria da Feira está disposta a gerir o Europarque em parceria com o Estado ou com a própria AEP.

O autarca Alfredo Henriques nega, no entanto, a possibilidade de deslocalização de serviços camarários para o Europarque.

Foi o então ministro das Finanças Eduardo Catroga que concedeu o aval à antiga Associação Industrial Portuense.

Em declarações à Renascença, Eduardo Catroga garante que os interesses do Estado foram devidamente acautelados e explica que o Governo decidiu conceder o aval porque o Europarque surgiu como “um projecto muito importante para a economia da região Norte e os promotores estavam convencidos que era auto-financiavel num determinado prazo”.

O Bloco de Esquerda (BE) insiste no pedido de esclarecimentos ao Governo. O deputado Pedro Filipe Soares exige a responsabilização dos políticos que tornaram o Estado fiador do sector privado e pede que o Governo esclareça se a AEP deu informação da sua incapacidade em pagar a dívida.

O BE diz que não é razoável, em ano de grandes dificuldades financeiras, sobrecarregar-se o Estado com mais uma dívida de 30 milhões de euros e acusa a AEP de não saber gerir o Europarque.

Ludgero Marques, presidente da AIP que deu início ao projecto e o actual presidente da AEP, José António Barros, recusaram prestar declarações sobre a situação do Europarque.