Advogado de Duarte Lima diz que "não há perigo de fuga"

Raul Soares da Veiga, advogado de Duarte Lima, considera que a detenção do seu cliente "é injustificada". O advogado não percebe como é que o Ministério Público pode temer a fuga de Portugal, quando o antigo deputado do PSD tem sobre si um mandado de captura emitido pelas autoridades brasileiras.

“O facto de o Dr. Duarte Lima estar seguro no seu país, porque não pode ser extraditado, demonstra exactamente que não há nenhum perigo de fuga. Se há pessoa que neste momento não tem interesse nenhum em sair de Portugal é o Dr. Duarte Lima”, argumenta Raul Soares da Veiga.

Duarte Lima foi detido hoje e é arguido no âmbito de uma alegada burla que envolve o BPN e que levou também à detenção do seu filho.

O advogado considera que aquilo que aconteceu hoje mostra "falta de lealdade processual" e "algumas coincidências curiosas" entre o desfecho desta investigação relacionada com o caso BPN e os últimos desenvolvimentos no Brasil, onde Duarte Lima foi acusado da morte de Rosalina Ribeiro.

“Qualquer pessoa de mediano entendimento notará que esta investigação do assunto BPN estava em curso há cerca de dois anos e, até agora, não tinha havido busca nenhuma, detenção nenhuma e só quando surge o mandado de detenção provindo do Brasil é que então, subitamente, ocorre esta busca e esta detenção. Curiosamente, ainda ninguém notificou o Dr. Duarte Lima para comparecer, porque, se tivessem notificado, ele tinha comparecido”, garante Raul Soares da Veiga.

O advogado falava aos jornalistas à entrada das instalações da Polícia Judiciária, em Lisboa, onde Duarte Lima e o seu filho Pedro Lima vão passar a noite.

Soares da Veiga confirmou que Duarte Lima será ouvido sexta-feira de manhã, no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), pelo juiz Carlos Alexandre, que acompanhou as buscas realizadas pela Judiciária - dirigidas pelo titular do processo, o procurador do DCIAP, Rosário Teixeira.  
  
O defensor de Duarte Lima neste processo precisou que o ex-deputado enfrenta suspeitas de branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e burla qualificada e que só será ouvido sexta-feira porque o Ministério Público também realizou buscas no Algarve e Porto e precisa de recolher todos os elementos antes do interrogatório no TCIC.