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Novo Banco valerá 4,9 milhões de euros? Vai saber-se esta sexta-feira

07 ago, 2015 • Paulo Ribeiro Pinto

Termina ao final da tarde o prazo para os interessados na compra do Novo Banco apresentarem as propostas melhoradas. O processo de venda deverá demorar ainda algumas semanas, até que o Banco de Portugal escolha o melhor candidato.

Os interessados na compra do Novo Banco têm de apresentar propostas melhoradas até ao final da tarde desta sexta-feira. Na corrida, estão os chineses da Fosun (já proprietária da seguradora Fidelidade e da ES Seguro) e da Angbang e o fundo norte-americano Apollo. Os três passaram à fase final com propostas vinculativas. Pelo caminho, ficaram 13 interessados.

De acordo com as notícias das últimas semanas, as propostas deverão ficar abaixo dos 4.900 milhões de euros injectados pelo Fundo de Resolução no Novo Banco.

A questão é saber como e quem cobre a diferença dos valores. Na quinta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertava para a falta de um mecanismo que absorva as eventuais perdas para o Fundo de Resolução.

Os valores podem derrapar, como já sofreu alterações o calendário inicialmente proposto pelo Banco de Portugal, que esperava ter, neste momento, o dossier já fechado.

O processo já dura há um ano, depois da decisão do Banco de Portugal em dividir o BES em “banco bom” e “banco mau”. Nessa altura, a operação foi contestada por alguns dos intervenientes, sendo que há processos que já correm na justiça.

O futuro dono terá ainda de fazer um aumento de capital do Novo Banco, cumprindo as regras do Banco Central Europeu.

Contribuintes vão contribuir
A Renascença falou com o economista João Duque, professor do ISEG, que confirma que se o valor da venda ficar abaixo do montante injectado pelo fundo de resolução da banca, os contribuintes serão chamados a pagar o prejuízo.

“Uma venda abaixo dos 4.900 milhões de euros é negativa para Portugal, uma vez que de modo directo ou indirecto depois iremos sofrer isto. De modo directo, porque o fundo de resolução ao consolidar com o Orçamento de Estado leva logo a uma penalização imediata. De modo mais dilatado, como a Caixa Geral de Depósitos com é detido por capital público, ou seja pelos portugueses, e tem 30% do mercado, o mesmo quer dizer que 30% das perdas serão imputados de forma indirecta através dos impostos”, explica o economista.
 
O prazo inicial para a entrega de propostas vinculativas para a compra do Novo Banco expirou a 30 de Junho foi alargado até esta sexta-feira ao fim do dia.

Para João Duque é um sintoma evidente de que o valor das propostas apresentadas está muito aquém do desejado.

“Se a proposta fosse muito boa e generosa, a resposta do Fundo de Resolução seria: ‘Está vendido’. Como não foi essa, o Fundo entende que as propostas foram baixas, o comprador está a tentar defender-se com a necessidade de aumento de capital imposto de mil milhões pelo Banco Central Europeu. Há ainda incerteza em relação às responsabilidades que o Novo Banco terá com os chamados lesados do BES. Os compradores tentam-se proteger”, acrescenta João Duque.