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Incêndios duplicaram e área ardida triplicou apesar da "resposta musculada"

04 ago, 2015

Entre 1 de Janeiro e 31 de Julho registaram-se 10.695 incêndios, segundo o balanço da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

Incêndios duplicaram e área ardida triplicou apesar da "resposta musculada"

A área ardida e o número de incêndios este ano mais do que duplicaram em relação ao ano passado. Ainda assim no mês de Julho os fogos florestais ficaram abaixo da média dos últimos dez anos. O balanço foi divulgado, esta terça-feira, pela Autoridade Nacional de Protecção Civil.

No mês passado, ardeu uma área de cerca de nove mil hectares, enquanto a média dos últimos dez anos é superior a 25 mil.

Numa conferência de imprensa realizada na Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), o comandante operacional nacional afirmou que a resposta do dispositivo de combate tem sido "notável" e de "sucesso", apesar do aumento do número de ocorrências de fogo, num balanço do primeiro mês da fase mais crítica em incêndios florestais, destacando que este ano ainda não ocorreu um incêndio com mais de 24 horas de duração. "A resposta do dispositivo tem sido a grande responsável pelo mérito destes resultados, quando estamos a trabalhar com uma severidade meteorológica das piores registadas nos últimos 16 anos", assegurou depois em declarações à Renascença

O mesmo responsável aproveita para dar como exemplo do incêndio de segunda-feira em Oleiros, lembrando que no mesmo local - há 12 anos - o fogo só foi controlado ao fim de vários dias e consumiu 30 mil hectares. "A forma como o dispositivo melhorou ao longo dos últimos anos permite hoje ter uma resposta musculada e assertiva", sublinhou.

De acordo com os números divulgados, 10.695 incêndios registaram-se entre 1 de Janeiro e 31 de Julho, enquanto no mesmo período do ano passado tinham deflagrado 4.165.

A área ardida mais do que triplicou este ano, tendo os incêndios florestais atingido uma área de 27.921 hectares, enquanto no mesmo período de 2014 as chamas consumiram 7.575. O comandante adiantou que "o número de ignições e área ardida" foi superior à média dos últimos 10 anos entre Janeiro e Junho, mas, em Julho a área ardida foi inferior.

José Manuel Moura referiu que 2014 foi "o melhor ano de sempre, desde que há registo", devendo-se, por isso, fazer-se uma comparação a 10 anos.

Explicando que a severidade meteorológica é este ano a mais grave dos últimos 16 anos, o comandante sublinhou que, em julho, o primeiro mês da fase mais crítica em incêndios florestais, ocorreram 3.500 fogos, número idêntico aos valores de 2012 e 2013. Já a área ardida foi a quinta mais baixa dos últimos 10 anos.

Segundo José Manuel Moura, mais de metade da área ardida registou-se fora do período crítico.

O comando reafirmou que o objectivo principal do dispositivo deste ano é a "permanente segurança das forças" no terreno, avançando que "alguns bombeiros já sofreram queimaduras" e actualmente está um internado no hospital.

Durante a “fase charlie” de combate a incêndios florestais, que começou a 1 de Julho e termina a 30 de Setembro, estão operacionais 2.234 equipas das diferentes forças envolvidas, 9.721 operacionais e 2.050 veículos, além dos 236 postos de vigia da responsabilidade da GNR, segundo o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF).

O DECIF estabelecia também 49 meios aéreos, mas a fase crítica em fogos conta com 47, estando inoperacionais dois helicópteros Kamov da frota do Estado.