09 jul, 2015 • Liliana Carona
Julho é mês do festival de sopa seca em Alcofra. O prato típico daquela localidade do concelho de Vouzela é feito à base de pão e da água do cozido e confeccionado na padela (já explicamos) e não na panela.
O que antigamente era prato de luxo, servido só em casamentos, é hoje cartão turístico de Alcofra. A "dona Rosita", como é conhecida na freguesia, tem 36 anos e é proprietária de um restaurante em Alcofra. É dada como referência pelos moradores locais na arte da boa cozinha.
Como se faz a sopa seca? A cozinheira começa por retirar do armário uma padela, uma púcara de loiça em barro preto, e dá início à confecção de uma sopa secular.
"Coloco o pão de véspera, partido aos bocados, e deito a água de cozer as carnes, galinha, vitela e porco - sobretudo galinha, que dá mais sabor. Levo ao forno durante uma hora”, conta. Esta sopa "é seca porque só leva pão".
Cozida a forno de lenha, a sopa seca sem caldo leva muito pão. Quase parece uma açorda ou não tivesse a história desta sopa origens no Alentejo. "Tem centenas de anos, muitas pessoas iam daqui trabalhar para o Alentejo, por contratos de dez meses. Lá usavam muito pão... daí vieram as influências", recorda o presidente da Junta de Freguesia de Alcofra, Gil Giestas.
Vouzela já tem dois produtos certificados: a vitela e o pastel. Falta a sopa seca de Alcofra. Com a organização do II Festival da Sopa Seca, a junta de freguesia espera que o evento seja mais uma ajuda à certificação.
Gil Giestas anda de volta da papelada para conseguir a certificação desta iguaria. "Uma das razões de fazer este evento gastronómico é a tentativa de certificar a sopa seca de Alcofra. O processo está a decorrer", diz.
Na localidade de Alcofra, os restaurantes servem a sopa seca por encomenda, para grupos compostos por um mínimo de cinco pessoas. Uma padela de sopa ronda os dez euros. O ponto alto do festival decorre no dia 18 de Julho, na Torre Medieval de Alcofra, com sopa seca para todos os visitantes.