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Julho abre com 15 dias de temperaturas “acima do normal”

02 jul, 2015 • José Pedro Frazão

Pedro Viterbo, do  Instituto Português do Mar e da Atmosfera, confirma que o calor chegou em força. Massa de ar quente vai afectar ainda mais Espanha e França.

Julho abre com 15 dias de temperaturas “acima do normal”

Depois de um Maio que bateu recordes e um Junho sem paralelo na última meia década, as altas temperaturas estão para ficar em Portugal Continental. Pelo menos nas próximas semanas, adianta o homem que dirige o departamento de Meteorologia e Geofísica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

"Os próximos dez dias apontam para uma anomalia positiva, ou seja, uma temperatura acima do normal. Por volta do fim-de-semana e logo no início da próxima semana, teremos temperaturas bastante acima do normal, pelo menos no Alentejo", antecipa Pedro Viterbo, que assegura não ser possível avançar qualquer "indicação fiável" sobre o Verão que vamos ter.

Apesar do aumento de temperaturas, o Continente escapa de raspão a uma massa de ar muito quente que vai fazer suar espanhóis e franceses.

"Em Espanha e em França, temos um aquecimento muito grande que vai até ao final da semana. Há condições favoráveis a um fluxo de ar que vem do Norte de África, que passa por Espanha e depois por França. França vai sentir uma situação muito anormal, prevemos para o final da semana oito a dez graus acima do normal. É qualquer coisa de anormal", diz à Renascença.

"Se a situação se mantiver, se esse fluxo continuar na mesma situação que prevemos neste momento, Portugal não será muito afectado. Apenas no Alentejo, teremos temperaturas próximas dos 40 graus. Se, no entanto, houver um deslocamento a oeste, nessa altura seremos afectados por uma situação mais severa", prevê o director de Metereologia do IPMA.

Junho fechou com onda de calor
Viterbo confirma que as altas temperaturas dos últimos dias do mês de Junho configuraram mesmo a primeira onda de calor do Verão de 2015.

"As temperaturas que tivemos em Junho foram acima do normal. Acabámos na segunda-feira de registar uma onda de calor. Este Junho está acima dos últimos seis ou sete Junhos. Não assistíamos a um Junho tão quente desde 2008. Olhando desde 1931, quando começaram os registos, num contexto genérico, este Junho não é excepcional", adianta o especialista do IPMA.

Uma onda de calor acontece "quando há excedente cinco graus acima do normal que se prolonga por mais de cinco dias. Por isso, normalmente só alertamos que a onda de calor já passou e é difícil apontar quando ela começa."

Depois da onda de calor veio até alguma precipitação, o que se justifica com a "deslocação do fluxo do Norte de África para leste, com uma oportunidade para um gerador de precipitação de noroeste. Foi por isso que tivemos alguma instabilidade nos últimos dias", justifica Pedro Viterbo.