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Portugueses consomem álcool cada vez mais cedo

01 jul, 2015 • André Rodrigues

Director do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências dá conta de “muitos casos de jovens com 12 anos e até menos que dão entrada nas urgências em coma alcoólico”.

Portugueses consomem álcool cada vez mais cedo
Proibição pura e simples. A nova versão da lei do álcool, que entra esta quarta-feira em vigor, impede a venda de qualquer bebida alcoólica a menores de 18 anos.

O diploma, publicado em "Diário da República" em meados do mês passado, aperfeiçoa a lei aprovada em 2013, que estabelecia a diferenciação entre as bebidas espirituosas, permitidas a partir dos 18 anos, e as restantes – como o vinho e a cerveja – que podem ser consumidas a partir dos 16 anos, idade a partir da qual muitos adolescentes admitiram ter acesso fácil ao consumo de álcool.

Uma constatação que levou o Ministério da Saúde a concluir que não houve alterações significativas nos padrões de consumo de alto risco de bebidas alcoólicas.

Em declarações à Renascença, o director-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD) revela haver “inícios de consumo de álcool muito precoces, pelos 12 anos ou mesmo antes”. João Goulão fala mesmo de “várias situações de comas alcoólicos que são atendidos em urgências hospitalares de jovens com essas idades e, às vezes, com situações muito complicadas”.

Daí que, para este especialista seja importante “que se retarde este início de consumos”. E, nesse aspecto, a nova versão da lei do álcool assume um papel decisivo, “uma vez os efeitos perniciosos para a saúde não são tão sensíveis como antes dos 18 anos de idade”, acrescenta.

Papel dos pais é fundamental
João Goulão reconhece que, no passado, houve falhas na fiscalização da aplicabilidade efectiva da lei do álcool mas considera que “a uniformização tem a virtude de tornar mais fácil essa fiscalização”.

Por outro lado, o director-geral do SICAD defende que “esta norma deve ser interiorizada pelos educadores, sirva de suporte à sua própria autoridade”.

E só assim, esta medida “poderá ter um impacto significativo nestes hábitos dos jovens e adolescentes. Mais do que sancionar ou penalizar comportamentos, esta nova lei pretende minimizar o consumo de álcool por parte dos adolescentes, de forma progressiva”, conclui.