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Engenheiros acusam Governo de ter estratégias pouco claras na gestão dos portos

29 mai, 2015 • Sandra Afonso

Governo deixou cair um investimento de 130 milhões no porto de Sines, como denunciou o candidato presidencial Henrique Neto, em entrevista à Renascença, e adia para a próxima legislatura decisões sobre o futuro desta infraestrutura.

Engenheiros acusam Governo de ter estratégias pouco claras na gestão dos portos

A Ordem dos Engenheiros acusa o governo de estratégias pouco claras nas decisões sobre os portos. Em causa está o desinvestimento no Porto de Sines ao mesmo tempo que é anunciado o terminal de contentores no Barreiro, sem qualquer estudo conhecido que o sustente.

Em plena crise, a concessionária do Porto de Sines quis alargar a capacidade do terminal, para receber ao mesmo tempo três porta contentores. O governo rejeitou um investimento de 130 milhões de euros, por um três vezes menor, que assegura a capacidade do porto apenas por três anos. Pouco tempo depois, anunciou um investimento privado de 600 milhões no Barreiro, para o terminal de contentores de Lisboa.

“Se não se investir em Sines para procurar outras localizações menos favoráveis é, na perspectiva da Ordem, uma situação menos clara”, diz o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Ramos.

Opinião diferente tem o presidente do Porto de Sines, João Franco. “O terminal de contentores de Lisboa tanto quanto julgo saber não é um terminal de águas profundas, é um terminal fundamentalmente para abastecer uma zona do país. É outro tipo de negócio”, explica.

Para a Ordem dos Engenheiros, o que está em causa é a falta de informação e transparência, desde logo porque a localização foi avançada sem os devidos estudos.

Em resposta à Renascença, o Ministério da Economia garante que os 600 milhões de euros serão integralmente suportados por privados, que podem candidatar-se a fundos comunitários, acrescentando que o Porto de Lisboa está a realizar os estudos preparatórios.

Investimento adiado
O Governo recusou investimento privado no porto de Sines e adiou para a próxima legislatura o inevitável alargamento da estrutura.

É a própria administração do porto que o admite, depois do candidato presidencial Henrique Neto ter denunciado, em entrevista à Renascença, que o Governo mantinha na gaveta um investimento de 130 milhões de euros.

O presidente do porto de Sines, João Franco, sublinha, no entanto, que o Governo garantiu uma alternativa.

“Em vez de um investimento de 130 milhões da PSA mas que obrigava a um investimento de 70 públicos, optou-se por um investimento de 40 [milhões] privados mas sem necessidade de investimento público e sem necessidade de alargamento do prazo da concessão e, por isso, sem necessidade de intervenção do Tribunal de Contas”, explica.

O presidente do porto de Sines admite que o próximo Governo será confrontado com o esgotamento da capacidade daquela estrutura e terá de decidir entre o alargamento ou a abertura de um concurso para um novo porto para navios de águas profundas.