Tempo
|

Novo Banco vai responder legalmente contra ameaças dos clientes lesados

06 mai, 2015

Administração avisa: iniciativas que colocam em causa o funcionamento dos balcões e a reputação do banco são ilegítimas. Clientes respondem que não se perca tempo com "faits divers".

Novo Banco vai responder legalmente contra ameaças dos clientes lesados
O Novo Banco vai responder legalmente contra ameaças individuais ou em nome da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC).

No último comunicado, a administração de transição de Stock da Cunha avisa que as iniciativas que colocam em causa o funcionamento dos balcões e atingem a reputação do banco e colaboradores são ilegítimas.

Depois de ter garantido, no Parlamento, que não iria intervir nestes protestos dos clientes que se dizem lesados na compra de papel comercial, Stock da Cunha avisa agora que irá accionar os meios legais contra estas ameaças.

A AIEPC já reagiu e aconselha a administração do Novo Banco a "gastar o seu tempo a resolver os problemas dos clientes" em vez de o "perder em 'faits divers'". O presidente da associação, Ricardo Ângelo, reclama "todo o direito" à manifestação por parte dos clientes lesados, salientando que é "uma via de escape" para o "desespero" que sentem.

"O Novo Banco devia era agradecer-nos por conseguirmos controlar as pessoas para não reagirem de forma mais intempestiva e agressiva contra os gestores que os enganaram", sustentou, assegurando que, "se as manifestações não existissem, já teria havido desgraças e consequências para os gestores do Novo Banco".

Segundo acrescentou, os clientes lesados têm dirigido as suas iniciativas ao Novo Banco "porque, como o próprio disse entre Agosto [de 2014] e Fevereiro [de 2015], é o responsável pelo papel comercial e tinha a intenção de o pagar". "Foram [emitidos pelo Novo Banco] quatro ou cinco comunicados a dizer isso", sustentou, considerando que "não é uma boa prática um banco mentir aos seus clientes e o Novo Banco mentiu diversas vezes".

Em resposta às frequentes manifestações concretizadas junto das agências do Novo Banco por todo o país, a instituição financeira vem mais uma vez esclarecer que "o Novo Banco é um banco de transição e não tem autonomia para decidir e executar propostas destinadas a sanar ou a compensar o incumprimento dos referidos instrumentos de dívida".

A 3 de Agosto de 2014, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.