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Propostas que "milagrosamente" reduzem a austeridade? Economista alemão sugere prudência

04 mai, 2015

Director executivo do Centro de Política Europeia reconheceu que a economia portuguesa "está a melhorar", mas que essa melhoria ainda "é lenta".

Propostas que "milagrosamente" reduzem a austeridade? Economista alemão sugere prudência
O director executivo do Centro de Política Europeia alerta que o vencedor das eleições legislativas do Outono terá de lidar com as consequências de apresentar propostas que "milagrosamente" reduzem a austeridade e consolidar as contas públicas.

"Em ano eleitoral é normal que os partidos apresentem o milagre das propostas de redução da austeridade e da consolidação orçamental", criticou Fabian Zuleeg num seminário em Bruxelas sobre política económica europeia.

No entanto, o director executivo do Centro de Política Europeia (EPC, sigla em inglês), um dos maiores grupos de reflexão, sediados em Bruxelas, deixou um alerta: "O Governo que sair das eleições legislativas portuguesas terá de lidar com as consequências" de apresentar esse "milagre".

O economista alemão juntou-se assim às críticas do Fundo Monetário Internacional (FMI), que apontou no início do ano a "tentação de optar por políticas populistas" por parte dos decisores políticos neste ano de eleições, e às orientações também da Comissão Europeia, que defendem que o ajustamento é para continuar nos próximos anos, independentemente do partido no poder.

Uma melhoria lenta
O Governo PSD/CDS-PP e o PS apresentaram programas para os próximos quatro anos (Programa de Estabilidade e "Uma década para Portugal", respectivamente) que prevêem a reposição salarial e o fim da sobretaxa de IRS, ao mesmo tempo que antecipam uma melhoria das contas públicas, embora a ritmos diferentes.

Questionado sobre se a recuperação económica deixa espaço para Portugal reduzir a austeridade, Fabian Zuleeg reconheceu que a economia portuguesa "está a melhorar", mas que essa melhoria ainda "é lenta". Afirmou que é necessário impulsionar a economia portuguesa, admitindo que isso aconteça através de investimento público, mas disse que essa é uma questão que deve ser discutida a nível europeu.

O economista disse ainda que Portugal é um dos países que mais pode ser afectado por uma eventual saída da Grécia da Zona Euro, mas recusou que isso venha a acontecer, devido aos "custos elevados" que traria para a União Europeia. "Seria desastroso para os dois lados", afirmou.