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Administrador do Banco de Portugal tem investimentos na banca

21 abr, 2015

Investimentos foram feitos antes de ser nomeado para o cargo. Banco de Portugal não proíbe uma situação deste tipo, mas exige uma actuação “honesta e independente”.

O administrador do Banco de Portugal António Varela tem uma lista de investimentos em acções, obrigações e fundos ligados a vários bancos.

A informação é avançada pelo jornal “Público”, que cita a declaração de IRS de Varela referente a 2013, entregue, como manda a lei, no Tribunal Constitucional.

António Varela, nomeado pela ministra das Finanças em Setembro do ano passado, tem uma longa carreira profissional no sector financeiro. No seu património, indica que tem acções de bancos e empresas cotadas em bolsa e investiu também na dívida grega.

O Banco de Portugal, citado pelo jornal, garante que a carteira de investimentos de António Varela está praticamente igual, em relação à altura em que entrou para o cargo de administrador.                                           

A entidade supervisora do sector financeiro decidiu, entretanto, criar um grupo de trabalho para analisar soluções que neutralizem conflitos de interesse de colaboradores ou membros do conselho de administração, em relação a carteiras de investimentos constituídas antes de assumirem funções.

Até lá, a instituição entende que os visados devem ter uma postura de gestão passiva dos seus investimentos.

Ainda de acordo com o jornal, o banco central já tem actualmente um código de conduta que faz referência a este tipo de situações, embora não proíba claramente estas práticas, nem aborde directamente os casos de carteiras constituídas antes da nomeação. Nesse documento, disponível no site da instituição, lê-se que a actuação dos membros do conselho de administração deve “ser honesta, independente, transparente, isenta, discreta e não atender a interesses privados ou pessoais”, cabendo-lhes respeitar “os mais elevados padrões de ética” e evitar “situações susceptíveis de originar conflitos de interesses, não devendo, designadamente, participar em quaisquer operações económicas ou financeiras que possam prejudicar a sua independência ou imparcialidade”.