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Sindicato da Construção propõe inspecção europeia contra exploração laboral

18 abr, 2015

Viagem à Suíça para verificar condições de trabalho dos portugueses encontrou situações graves de ilegalidades e exploração por parte de angariadores.

O Sindicato de Construção de Portugal alerta para os casos de trabalhadores portugueses que trabalham na Suíça em situação ilegal e propõe o estabelecimento de uma comissão que reúna as inspecções do trabalho europeias para combater a exploração laboral.

O sindicato defende que deve ser institucionalizada através do Parlamento Europeu uma comissão, composta por todas as inspecções de trabalho dos países membros, em que seja obrigatório reunirem assiduamente para que haja uma intervenção com muita frequência nos locais de trabalho dos trabalhadores recrutados por intermediários.

O dirigente Albano Ribeiro falou do assunto em conferência de imprensa, no Porto, descrevendo à Renascença aquilo que se passa na Suíça. “Há trabalhadores que vão trabalhar para a Suíça através de intermediários que levam os trabalhadores e que depois através de empresas de trabalho temporário são integrados no mercado trabalho de forma ilegal.”

“Estes trabalhadores assinam contrato para ganharem 4.500 euros mas depois têm de dar aos intermediários todos os meses 900 euros. Muitos destes trabalhadores trabalham três meses e depois deixam de ter trabalho e o intermediário desaparece”, aponta, ficando os trabalhadores numa situação vulnerável.

Num balanço da viagem que feita à Suíça para avaliar as condições de trabalho dos emigrantes naquele país, elementos do sindicato verificaram "situações muito graves, tendo em conta aquilo que se passava com a primeira geração de emigração".

Puderam constatar que os trabalhadores que agora se deslocam para a Suíça são, em muitos casos, explorados por designados "angariadores" a quem têm de pagar uma parcela do salário.

O dirigente sindical, que se reuniu com o cônsul português na Suíça, apelou à intervenção das autoridades na resolução destes casos, focando-se nas situações de "escravatura contemporânea".

"São muitos os trabalhadores portugueses e de outras nacionalidades que estão a trabalhar ilegalmente", refere o sindicato, que pôde testemunhar uma situação, na Suíça, onde teve de haver intervenção policial e do sindicato local.

Albano Ribeiro lembrou que, depois de terem visitado países como o Luxemburgo, Bélgica e Holanda, o Sindicato da Construção de Portugal vai ainda passar pela França e pela Alemanha este ano.