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Professores "chumbam" proposta de novo programa de Português

17 abr, 2015

Associação de docentes diz que a proposta tem erros educativos e científicos.

A Associação dos Professores de Português (APP) "chumba" a proposta de novo programa da disciplina para o ensino básico.

A discussão pública termina esta sexta-feira. No parecer que a APP vai enviar para o Ministério da Educação é dito que a proposta tem erros educativos e científicos.

A presidente desta associação explica que a proposta não corresponde à adaptação do actual programa, como determina a lei. “Como o nosso parecer é essencialmente negativo, porque verificamos que há alguns erros educativos e científicos no novo programa de Português, propomos a não homologação do programa em metas curriculares de Português de ensino básico e que seja realizado um trabalho de efectiva adequação entre as metas curriculares e o programa de 2009, trabalho que nunca foi feito”.

Edviges Ferreira considera que o plano proposto contém “algumas falhas no campo da gramática”.

Por outro lado, há um “esquecimento total” do actual Plano Nacional de Leitura e é apresentada uma lista completamente nova de livros.

A mesma responsável critica, por exemplo, a exclusão, no 3º Ciclo, de autores portugueses e de língua oficial portuguesa, como Lídia Jorge, José Rodrigues Miguéis, Ondjaki ou Luís Fernando Veríssimo.    

“Há uma espécie de corte com aquilo que tinha sido feito até aqui”, conclui Edviges Ferreira.

Na resposta, Helena Buescu, a coordenadora da equipa que redigiu a proposta, garante que a lista de livros não sofreu qualquer alteração relativamente ao programa de 2009.

"No caso do terceiro ciclo, por exemplo, nós respeitámos integralmente o referencial de leitura que o programa de 2009 indicava. Todas as obras que nós indicámos correspondem exactamente - e sem nenhuma alteração - ao número de obras que o programa de 2009 definia", disse.

Helena Buescu garante ainda que uma das grandes preocupações do novo programa é definir o que os alunos devem saber em cada nível de ensino, ao contrário do que acontece actualmente. "Os conteúdos essenciais do programa de 2009 e transformá-los em objecticos anualizados para que em cada ano os professores saibam o que devem ensinar e em cada ano os alunos saibam o que devem aprender e os pais também possam ir acompanhando a forma como os conteúdos são leccionados", acrescenta.

A consulta pública termina esta sexta-feira. O novo programa de português é para entrar em vigor já no próximo ano lectivo para o ensino básico do primeiro ao nono ano.

[actualizado às 20h40]