01 abr, 2015
As greves de trabalhadores da CP vão causar "fortes perturbações" na circulação de comboios nos próximos cinco dias, prevendo-se atrasos e supressões já a partir desta quarta-feira.
A empresa informa que, por motivo da greve de 2 e 6 de Abril convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), que se junta à greve ao trabalho em dia feriado do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF), "prevêem-se fortes perturbações na circulação de comboios nos dias entre 2 e 6 de Abril, inclusive".
A CP destaca que as perturbações são agravadas pela recusa de fixação de serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral, nomeado pelo Conselho Económico e Social (CES).
Na sequência das greves, a circulação deverá começar a ser afectada já esta quarta-feira à noite, devendo os atrasos e supressões prolongar-se até terça-feira de manhã.
Em comunicado, a CP promete "envidar todos os esforços para minimizar os impactos da greve no serviço de longo curso", tendo divulgado na página a lista de comboios dos serviços Alfa Pendular e Intercidades que espera realizar na quinta-feira e na sexta-feira.
Os revisores CP agendaram uma greve de dois dias para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996, que ganha dimensões ao juntar-se à greve ao trabalho em dia feriado da SNTSF.
O presidente do SFRCI, Luís Bravo, explicou à agência Lusa que a CP foi condenada, em várias instâncias, a restituir os complementos que não foram pagos aos trabalhadores no subsídio de férias desde 1996 e no subsídio de Natal entre 1996 e 2003, estimando uma dívida de cerca de dez milhões de euros aos revisores e trabalhadores das bilheteiras.
Sem possibilidade de recurso, a CP e os representantes dos trabalhadores sentaram-se à mesa para chegar a uma acordo "para a empresa pagar essa dívida de forma gradual" e, em reunião a 18 de Março, os representantes do SFRCI foram informados de que a proposta de acordo ainda não tinha sido enviada à tutela, o Ministério da Economia.
"Nesse mesmo dia, decidimos quebrar a paz social, no período da Páscoa, com dois dias de greve, porque nestes nove meses de negociação, a administração criou a legítima expectativa de que os trabalhadores iriam ser ressarcidos e pensávamos que a empresa estava a proceder de boa-fé", explicou Luís Bravo, acrescentando que "o sindicato tentou tudo para evitar esta greve".