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Pilotos dizem que Governo precipitou-se ao impor duas pessoas nos "cockpits"

27 mar, 2015

A Associação de Pilotos de Linha Aérea dizem que o Governo está a agir sob pressão quando quer obrigar a que haja sempre duas pessoas no "cockpit".

Pilotos dizem que Governo precipitou-se ao impor duas pessoas nos "cockpits"

O presidente da assembleia-geral da Associação de Pilotos de Linha Aérea (APLA), Salvador Sottomayor, afirma que o Governo está a agir sob pressão ao seguir as recomendações do Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) e impor a presença em permanência de duas pessoas no "cockpit" de um avião comercial.

O comandante levanta algumas questões perante a directiva que agora entra em vigor.

"Qual é a formação da pessoa que vai para o ‘cockpit’? É um outro tripulante? É um polícia? Uma pessoa armada? Um psicólogo que nos vai estar a avaliar? E será que esse psicólogo foi avaliado por outro psicólogo? Todas estas coisas são muito fáceis de fazer lavando as mãos", critica Salvador Sottomayor, um dos convidados do progama "Em Nome da Lei" da Renascença, que é transmitido este sábado, depois do meio-dia.

Salvador Sottomayor diz que o secretário de Estado dos Transportes perguntou a "especialistas na matéria", mas acredita que Sérgio Monteiro estaria "muito pressionado a tomar esta decisão", que várias companhias aéreas de diversos países também seguiram.

Já em relação à obrigatoriedade dos pilotos serem submetidos a exames psicológicos com regularidade, Sottomayor considera que o importante é haver uma cultura de empresa em que qualquer tripulante possa dizer sem "medo" que tem um determinado problema.

"Se se souber que tenho um problema psicológico, ninguém me vai deixar voar. Aqueles exames não são feitos por um psiquiatra ou um psicólogo, mas, se o médico entender, ele tem essa autoridade. O mais importante é haver um ambiente nas empresas em que as pessoas se sintam à vontade para denunciar situações que não consideram normais ou os próprios não terem medo de dizer que não se sentem bem", frisa.

Actualmente, o responsável da APLA diz que esta forma de lidar com os problemas existe, mas "há casos em que isso não passa pela cabeça de ninguém sem que haja o risco de perder o emprego".