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O que faz um presidente de câmara? Dois adolescentes foram ver

30 mar, 2015 • Olímpia Mairos

Dois alunos de Chaves, vencedores do concurso literário “Se eu fosse presidente de câmara”, estão a acompanhar o autarca local no exercício das suas funções.

Ana Carolina tem 10 anos. Ivo Amaro, 12. Os dois adolescentes cessaram, na sexta-feira, funções de presidente da Câmara de Chaves. Não foram eleitos. Venceram um concurso literário promovido pela autarquia e, como prémio, acompanharam o presidente da câmara ao longo da última semana.

Ana Carolina diz que acompanhou o presidente “para saber o faz na sua vida” e percebeu que um autarca “tenta solucionar os problemas que possam aparecer no seu concelho”.

“Um presidente tem muito trabalho, muitas reuniões e muitas visitas”, diz Ivo, que considera a profissão “muito cansativa, mas ao mesmo tempo, muito divertida”. Por isso, até admite um dia vir a candidatar-se ao cargo.

“Esta experiência está a ser muito positiva, deixou-me com mais vontade de ser presidente da câmara”, diz, com um sorriso.

Ana Carolina e Ivo já participaram em diversas reuniões e audiências, visitaram obras e fizeram sugestões ao actual autarca.

“Se fosse presidente”, Ana Carolina faria “uma piscina nova, mais pavilhões desportivos e espaços verdes”. Já Ivo Amaro colocaria “videovigilância na cidade, para evitar o roubo de carros e casas, substituía o telhado das piscinas municipais e mandava arranjar algumas ruas da cidade”. Sugestões que os dois adolescentes apresentaram na última reunião do executivo à qual assistiram também os pais de Ivo.

Francisco Amaro manifesta contentamento pela experiência que Ivo está a ter. Descreve o filho como “alguém muito interessado nos problemas e desenvolvimento da cidade” e considera que a experiência “é muito importante para a sua integração na sociedade”.

“Quem sabe se não vai ficar com força e vontade de ser um político do país?!”, diz Francisco Amaro, confessando que gostava de ver o filho como presidente da autarquia flaviense.

Balanço positivo
“Se eu fosse presidente de câmara” tem como objectivo promover uma participação activa dos jovens em actividades organizadas pela autarquia, bem como despertá-los para os valores da cidadania.

O presidente da Câmara de Chaves, António Cabeleira, faz um balanço positivo da iniciativa. Diz mesmo que superou as expectativas.

“Os dois jovens são pessoas excepcionais em termos de comportamento social. Muito atentos, tomam notas em todas as reuniões a que assistem e colocam questões muito pertinentes”, explica o autarca, lembrando que a iniciativa quer “chamar à atenção da comunidade para a importância de participar na vida pública e política durante todo o ano e não apenas quando há eleições”.

Quanto às reivindicações/sugestões dos dois adolescentes, o autarca flaviense admite que “as carências apontadas verificam-se” e subscreve a “100% a parte das críticas”.

António Cabeleira aguarda agora o relatório final que os dois adolescentes prometeram entregar, sublinhando que o poema de Ana Carolina termina com a frase: “E se há falta de dinheiro, arranjamos solução”.

“É essa a parte que espero que agora me diga, a solução para arranjarmos o dinheiro para fazer as coisas que ainda faltam fazer”, conclui Cabeleira.