A "lista VIP" existe? A revista "Visão", que noticiou a sua existência, reitera que sim e
apresenta gravações áudio que o comprovam.
A 20 de Janeiro, o chefe de serviços de auditoria da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) falava para mais de 200 candidatos a inspectores. Segundo a edição "online" da revista, Vítor Lourenço repetiu o que já tinha dito horas antes, numa outra sessão, para 300 inspectores tributários estagiários oriundos da AT e de vários ministérios.
Vítor Lourenço só mudou a expressão "bolsa VIP" para "pacote VIP" para se referir aos contribuintes cujo acesso ao cadastro fiscal pelos funcionários da Autoridade Tributária é vigiado pelas chefias.
O mesmo responsável revelou que os acessos ao cadastro fiscal do Presidente da República também foram investigados pelos serviços de auditoria.
O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais rejeitou esta quarta-feira qualquer responsabilidade do Governo na alegada "lista VIP" de contribuintes, mas admitiu que o documento possa existir. "Houve procedimentos internos e propostas no âmbito da Autoridade Tributária nesta matéria, sem que jamais o Governo tenha tido conhecimento dessa questão ou que o Governo tenha sido informado",
afirmou Paulo Núncio.
A polémica levou o director-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) a apresentar demissão esta quarta-feira.
Na carta de demissão,
António Brigas Afonso reafirma que não existe uma "lista VIP" de contribuintes, mas justifica a sua saída por não ter informado a tutela sobre procedimentos internos que podem ter criado a percepção de que essa lista existia.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) garantiu à
Renascença, na semana passada, que existem vários funcionários a responder em processos internos por terem acedido a nomes da suposta lista. Segundo Paulo Ralha, fizeram-no por razões profissionais e não por curiosidade.