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Solidariedade no feminino merece homenagem

06 mar, 2015 • Olímpia Mairos

Autarquia da Régua distingue 46 mulheres que dão o “melhor de si” ao serviço das 12 instituições de solidariedade social do concelho. Entre elas estão duas freiras.

Solidariedade no feminino merece homenagem
Branca Viana, de 92 anos, e Rosa Teles, de 75, são religiosas e são homenageadas esta sexta-feira pela autarquia do Peso da Régua, que assim antecipa o Dia Internacional da Mulher.

As duas religiosas da Congregação das Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus estão à frente do Patronato de Godim, a primeira instituição de solidariedade criada no concelho, em 1931, e que teve sempre na sua liderança mulheres.

A Irmã Branca Viana, de olhar sereno e sorridente, conta que recebeu o convite para a cerimónia de homenagem, mas está “à espera para ver o que vai acontecer”.
 
Sobre este tema não perde mais tempo. Prefere dizer que o patronato de Godim, onde se encontra a servir, “chegou a assistir 400 crianças e que as mães vinham à hora do almoço buscar aquela que, para muitos, era a única refeição do dia”.

Esta já não é a primeira vez que a Irmã Rosinha, como carinhosamente é tratada, é homenageada na Régua, mas ainda é com algum embaraço que se refere ao assunto. “Homenagem? Não sei se é devida, mas pronto. Nós não a procuramos”, conclui.

A Câmara da Régua homenageia esta sexta-feira, a 46 mulheres que dão o “melhor de si” ao serviço das 12 instituições de solidariedade social do concelho. Mas o município distingue também as oito funcionárias da autarquia que se aposentaram em 2014.

Instituição pioneira liderada por mulheres
O Patronato Padre Alberto Teixeira de Carvalho, vulgo Patronato de Godim, surgiu numa altura de muita pobreza na região do Douro através de um grupo de 17 mulheres lideradas pela neta de D. Antónia Adelaide Ferreira, a “Ferreirinha da Régua”.

Na sua casa, na Quinta das Nogueiras, D. Antónia Adelaide Ferreira de Lima começou por organizar a chamada sopa dos pobres para acorrer aos mais necessitados. Mais tarde nasceu o Patronato numa casa comprada em Godim.

A instituição foi também pioneira na abertura da primeira escola primária para meninas no concelho e promoveu vários cursos como costura, bordados ou dactilografia.

Como enfermeira, a religiosa Branca Viana ajudou a abrir um dispensário no patronato, onde eram tratados os tuberculosos de Godim. Ao longo dos anos a intervenção da instituição foi-se alternando e adaptando às necessidades da comunidade.

Patronato multifunções
Actualmente, o patronato funciona com as valências de creche, pré-escolar e ATL e recebe cerca de 200 crianças. “Procuramos contribuir para a estabilidade afectiva das crianças, incutindo-lhes o sentido de responsabilidade e de liberdade”, conta a Irmã Rosa Teles, ou Irmã Rosinha, como carinhosamente é conhecida e tratada na Régua.

Esta religiosa, que em criança também frequentou o patronato, realça que uma das preocupações é também ajudar a “moldar o carácter das crianças e incutir-lhes o espírito da solidariedade” e, ao mesmo tempo, “trabalhar com os pais”.

A instituição presta ainda apoio à comunidade através dos serviços de enfermagem ao domicílio, para aqueles que não têm possibilidades de pagar, e entrega bens alimentares às famílias mais carenciadas. 

As religiosas procuram apoios para o arranjo do recreio coberto para a creche, obra orçada em 140 mil euros e que foi candidatada a fundos comunitários.