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Passos Coelho acusa Comissão Europeia de descoordenação

27 fev, 2015

Chefe do Governo rejeita que o relatório sobre pobreza seja "um balde de água fria", considerando que revela várias contradições.

Passos Coelho acusa Comissão Europeia de descoordenação
O primeiro-ministro criticou o relatório da Comissão Europeia sobre pobreza, afirmando que há uma clara contradição entre as prescrições europeias e os seus efeitos. Pedro Passos Coelho acusou ainda Bruxelas de descoordenação.

"Isso sim não deixa de ser uma ironia", registou, recomendando a Bruxelas "um bocadinho mais de articulação e de coordenação entre os diversos departamentos", disse à margem de uma visita à empresa Science4you, em Lisboa.

Neste contexto, Passos Coelho referiu como exemplo a redução das transferências para prestações sociais ou o caso do aumento do salário mínimo nacional, criticado no ano passado pela Comissão.

"Todos se recordam com certeza que no final do ano passado foi conhecido um relatório da Comissão Europeia sobre a primeira avaliação pós-programa em que anotava enorme desconforto com a decisão do Governo português em ter decidido aumentar o salário mínimo nacional. Agora, depois dessa crítica imensa que fez, vem reconhecer que afinal o salário mínimo nacional não tem grande relevância para efeitos de elevação de rendimentos e combate ao risco de pobreza", referiu.

A Comissão Europeia decidiu colocar as contas nacionais sob vigilância por causa dos "desequilíbrios excessivos". No relatório que justifica a medida, Bruxelas diz que Portugal não foi capaz de lidar com o aumento repentino do desemprego e consequente aumento da pobreza nos últimos anos.

O chefe do Governo rejeitou que o relatório publicado por Bruxelas seja "um balde de água fria", afirmando que os problemas macroeconómicos "estão identificados" e são "desequilíbrios que se vêm acumulando há muitos anos e em particular desde que Portugal entrou na moeda única".

"Sabemos qual é a situação que Portugal e nunca a escondemos, Portugal é um país que tem uma dívida muito elevada, que tem ainda um nível de desemprego demasiado elevado, apesar de o ter vindo a reduzir, há algumas heranças que fomos acumulando durante muitos anos que não se resolvem em dois ou três anos", observou.

Sobre a pobreza, Passos considerou também não existir nenhuma novidade: "O INE [Instituto Nacional de Estatística] ainda não há muito tempo trouxe os dados relativamente a 2013 quanto à pobreza e nós conhecemos esses dados, sabemos que o risco de pobreza aumentou no passado em Portugal".