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Portugueses na Suíça estão "tristes e revoltados" com cortes salariais

27 fev, 2015 • Teresa Almeida

Renascença falou com uma professora que recebe agora cerca de metade do salário que os suíços consideram ser o mínimo essencial para viver.

O Governo prometeu uma solução, mas os funcionários públicos e professores portugueses na Suíça sofreram um corte salarial com a alteração da política cambial. É o caso de Lúcia Sousa, uma professora que perdeu uma parte importante do vencimento.

Para Lúcia Sousa são menos 500 francos por mês, cerca de 465 euros. Esta professora admite continuar a leccionar na Suíça, mas revela que há já muitos colegas que ponderam regressar.

O corte, o primeiro desde a alteração cambial do franco suíço, veio revelar o desprezo do Governo português e a debilidade do ordenado que aufere, afirma esta professora em declarações à Renascença.

“É triste e muito revoltante a indiferença e o desprezo a que somos votados pela tutela e pelo nosso Governo, em geral. [A diferença no ordenado] É de cerca de 400 a 500 francos a menos, significa quase metade da minha renda de casa”, afirma Lúcia Sousa.

A receber cerca de metade dos quatro mil euros que os suíços consideram ser o mínimo essencial para viver, Lúcia Sousa teme que a sua carreira fique agora em suspenso.

Na comunidade portuguesa já se suspeita que a comissão de serviço destes professores, que deveria durar mais dois anos, não passe do final deste ano lectivo.

“É muito provável que o facto de o nosso Governo não estar a dar resposta a esta situação da perda salarial devido à taxa de câmbio esteja relacionada com o facto de poder dispensar uma grande parte do corpo docente dos professores do EPE”, receia Lúcia Sousa.

A partir de Junho muitos professores portugueses na Suíça podem ter que regressar. Receiam que o Governo português não renove a comissão de serviço.

Para o representante das comunidades portuguesas na Suíça, Manuel Beja, não houve  um esforço por parte do Governo para mitigar os cortes originados pela alteração cambial.

Manuel Beja admite a possibilidade de uma greve aos serviços e um pedido à comunidade portuguesa para que deixe de enviar divisas para Portugal.