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"Acordai" ecoa à porta do Ministério da Educação

09 fev, 2015

Professores e alunos em concerto exigem pagamento das verbas em atraso. "A arte vai até Marte" e "um país sem artistas é um país de curtas vistas" são algumas das frases que podem ser lidas em cartazes.

"Acordai" ecoa à porta do Ministério da Educação
"Acordai" ecoa à porta do Ministério da Educação
Há um palco improvisado, com vários instrumentos musicais, em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa Centenas de professores e alunos do ensino artístico vão dar um concerto para exigir o pagamento das verbas em atraso, numa acção de protesto que deve terminar com a música "Acordai".

Os professores das escolas de ensino artístico, vindos de vários pontos do país, montaram um palco com vários instrumentos musicais, ao qual já subiram até ao momento uma aluna pianista e uma professora do conservatório nacional, que cantou música lírica.

"Vamos ter vários momentos musicais até ao meio-dia, quando haverá intervenções de alguns elementos. Pouco depois será a vez do maestro Vitorino de Almeida dirigir um momento musical", contou à Lusa Rui Paiva, professor e um dos elementos do movimento reivindicativo do ensino artístico.

A manifestação terminará pouco antes das 13h00, com o coro Lopes Graça a interpretar o "Acordai", acrescentou.

Os manifestantes exigem o pagamento das verbas devidas desde Setembro às escolas do ensino artístico que garantem o ensino da música e da dança nas escolas públicas (ensino articulado).

Professores e directores de escola dizem que os atrasos nos pagamentos já eram uma prática habitual, mas queixam-se de que este ano a situação se agravou, uma vez que os contratos celebrados com estas escolas particulares e cooperativas foram enviadas só em Dezembro para o Tribunal de Contas, havendo ainda processos que não estão concluídos.

Além das escolas que aguardam pelas verbas do Ministério da Educação, existem ainda outros estabelecimentos de ensino que recebem financiamento através do Programa Operacional Potencial Humano (POPH), que também está com atrasos.

Entre os manifestantes, alguns transportam instrumentos musicais, enquanto outros optaram pelo tradicional cartaz, com expressões como "a arte vai até Marte" e "um país sem artistas é um país de curtas vistas".

Segundo Rui Paiva, está prevista a presença de professores, alunos, pais e encarregados de educação de Ponte de Lima, Figueira da Foz, Viseu, Tomar, Setúbal, Almada, Caldas da Rainha e Ourém.

Mário Laginha juntou-se ao protesto, que teve a forma de uma manifestação musical. O músico receia que a manter-se a actual situação, os portugueses fiquem culturalmente mais pobres. "As escolas estão sem dinheiro e os professores não recebem há muitos meses. É um problema já quase de sobrevivência. A longo prazo, se o ensino artístico for continuamente maltratado, vamos ter daqui a uma ou duas gerações uma população muito mais inculta, muito menos conhecedora e amante de coisas importantes para a essência humana".

O ensino artístico especializado envolve 110 escolas particulares e cooperativas, com cerca de 24 mil alunos e 3.500 professores, sublinhou o responsável, lembrando que já foram suspensas aulas em várias escolas.

O Ministério da Educação garante que a situação vai estar regularizada em breve, estando a aguardar que o Tribunal de Contas lhe envie os dados necessários para as escolas receberem as verbas em falta. Fonte do gabinete de Nuno Crato garantiu à Renascença que as transferências serão efectuadas mal os colégios regularizem o pagamento dos emolumentos junto do TC.