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Bragança

Maior produtor de cogumelos: “Temos problemas quando queremos empregar”

22 dez, 2014

Responsável reconhece que em todo o Nordeste Transmontano os recursos humanos são cada vez menos, devido ao despovoamento e ao envelhecimento da população.

Maior produtor de cogumelos: “Temos problemas quando queremos empregar”
O principal grupo ibérico de cogumelos, Sousacamp, queixa-se da dificuldade em encontrar mão-de-obra para a empresa-mãe, sediada na aldeia de Benlhevai, no distrito de Bragança. A empresa é "obrigada" a ir buscar trabalhadores a Espanha e outros de países do Leste europeu.

O grupo, que controla 90% do mercado português de cogumelos e é líder na Península Ibérica, tem unidades em Paredes, Vila Real e Espanha, mas nasceu e mantém a sede e a principal fábrica nesta aldeia transmontana.

É nesta unidade, com cerca de 170 postos de trabalho, que tem a maior dificuldade em recrutar trabalhadores e onde continua a precisar de mão-de-obra, segundo afirmou à agência Lusa Amável Teixeira, director do departamento de produção do grupo. "Muita gente fala de desemprego, mas nós continuamos a ter problemas quando queremos empregar pessoas", apontou.

O responsável reconhece que tanto neste concelho, com menos de 6.500 habitantes, como em todo o Nordeste Transmontano, os recursos humanos são cada vez menos, devido ao despovoamento e ao envelhecimento da população. Porém, afirmou não entender "por que é que as pessoas não migram para o Interior", onde " a qualidade de vida será muito melhor do que no Litoral".

Ainda assim, segundo disse, a maioria das pessoas que trabalha na fábrica de Benlhevai é do concelho de Vila Flor, mas a empresa é "obrigada a ir buscar [trabalhadores] ao exterior", alguns a Espanha e outros de países do Leste europeu.

Quem quiser trabalhar, "tem aqui uma oportunidade, depois há que demonstrar que quer mesmo trabalhar", vincou o director.

Empresas exigentes
O concelho de Vila Flor apresenta uma taxa de desemprego que ronda os 10,7%, inferior à média nacional.

O presidente da Câmara, Fernando Barros, encontra uma explicação para este desajustamento entre o desemprego, as necessidades da empresa e a disponibilidade da população activa.

"Muitas vezes tem a ver com o valor que é pago", considerou, argumentando que pode prender-se também com o problema das deslocações porque "há sempre algumas distâncias entre o local de trabalho e a origem das pessoas", embora a empresa em causa disponibilize transporte aos seus trabalhadores.

Outra razão apontada pelo autarca tem a ver com o grau de exigência destas empresas e a cultura laboral existente numa região onde o trabalho em fábricas é escasso.

"São empresas também muito exigentes porque quando o cogumelo tem de ser colhido, tem mesmo de ser colhido, de dia ou de noite, ou ao sábado ou ao domingo ou num dia de semana. É natural que, às vezes, as pessoas não queiram trabalhar por turnos, por exemplo, mas isso é aqui e é em todo o lado", concretizou.