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Presidente da TAP escreve aos trabalhadores. "Sobrevivência está em risco"

19 dez, 2014

Fernando Pinto defende que é preciso recuperar imagem de confiança na companhia aérea.

Presidente da TAP escreve aos trabalhadores. "Sobrevivência está em risco"

A sobrevivência da TAP está em risco "caso se prolongue a instabilidade actual", alertou esta sexta-feira o presidente da companhia aérea.

Numa carta enviada aos trabalhadores da empresa, Fernando Pinto convida todos "a reflectir na melhor forma de contribuir para a salvaguarda do futuro TAP".

"Nesta conjuntura, sinto ser meu dever dizer claramente: a sobrevivência da TAP está em risco caso se prolongue a instabilidade actual e se não normalizarmos rapidamente a relação de confiança com o nosso mercado. Se tal não acontecer, com urgência, de pouco importará saber se a TAP deve ser pública ou privada", adverte Fernando Pinto na missiva a que a agência Lusa teve acesso.

Os sindicatos reuniram-se esta sexta-feira manhã com a administração da empresa, a pedido do presidente, depois da requisição civil decretada na quinta-feira pelo Governo para os dias de greve.

A Plataforma Sindical da TAP convocou uma paralisação entre o Natal e o Ano Novo, nos dias 27, 28, 29 e 30, em protesto contra a intenção do Governo de privatizar a companhia aérea. O Governo aprovou na quinta-feira uma requisição civil para 70% dos trabalhadores da empresa.

"TAP precisa de recuperar de imediato a imagem de confiança"
Na carta em que deseja Bom Natal aos trabalhadores, Fernando Pinto disse não querer que ninguém "ignore as suas opiniões quanto à forma de organização económica ou ao exercício pleno das liberdade individuais e colectivas", mas insistiu que "a TAP precisa de recuperar de imediato a imagem de confiança e qualidade que ganhou ao longo de quase 70 anos de história".

"Tenho consciência de que a companhia viveu outras crises, igualmente sérias, no seu passado, e que pode ter-se instalado a ideia de que a sua importância para o país a coloca a salvo de consequências negativas", argumentou, lembrando "o que aconteceu a outras companhias europeias, também elas prestigiadas e importantes".

O presidente da TAP reforçou que "nos tempos actuais, independentemente de quem seja o seu proprietário, uma companhia de aviação só sobrevive com a confiança dos seus passageiros".

A TAP reabriu esta sexta-feira a venda de voos para os quatro dias de greve e admite aceitar alterações segundo as disponibilidades dos voos, um dia depois do Governo ter decretado uma requisição civil para o período de paralisação.

A requisição civil aprovada na quinta-feira pelo Governo abrange cerca de 70% dos trabalhadores da TAP, permitindo realizar todos os voos previstos para os quatro dias da greve, afirmou o ministro da Economia, António Pires de Lima.

A decisão de relançar a privatização da companhia aérea, suspensa em Dezembro de 2012, acendeu uma nova onda de contestação, que culminou com a marcação de uma greve geral de quatro dias de 27 a 30 Dezembro.

O Governo pretende apresentar o caderno de encargos da venda de até 66% do grupo TAP até ao início de Janeiro, para depois ser levantado pelos potenciais interessados, devendo o processo estar encerrado no primeiro semestre de 2015.