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João Perna "não tem razões para se arrepender de ter sido motorista de Sócrates"

18 dez, 2014

Foi ouvido no Departamento Central de Investigação e Acção Penal e terá respondido a todas as questões com "frontalidade" e "naturalidade".

O advogado do motorista de José Sócrates manifestou "profunda convicção" que, depois de João Perna ter prestado esclarecimentos, o Ministério Público irá propor uma medida de coacção menos gravosa que a prisão preventiva.

Ricardo Candeias falava aos jornalistas no final do interrogatório complementar que o motorista prestou no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), estrutura do MP que investiga a "Operação Marquês".

Questionado sobre se o estatuto de arrependido chegou a ser equacionado pelo arguido, Ricardo Candeias salientou que o assunto nunca chegou a estar "em cima da mesa", observando que a "questão não se coloca" porque João Perna "não tem razões para se arrepender de ter sido motorista de José Sócrates".

O defensor de João Perna disse "acreditar profundamente" que depois de o seu cliente ter respondido a todas as questões com "frontalidade" e "naturalidade", o MP deverá considerar a "situação" do arguido, que está em prisão preventiva, de modo a propor "num período muito curto" de tempo uma medida "mais adequada" para a sua situação.

Ricardo Candeias frisou que João Perna "está disposto e continuará disposto" a prestar os esclarecimentos que forem necessários aos investigadores para que o "mal-entendido" relativamente ao motorista de Sócrates seja "esclarecido".

Desta forma, insistiu que a defesa de João Perna "está confiante que haja uma decisão a curto prazo", da iniciativa do MP, que venha a ser "positiva" para ao arguido.

A marcação do interrogatório complementar ocorreu dois dias depois de o advogado do motorista de José Sócrates entregar no DCIAP um requerimento a pedir a libertação de João Perna, invocando nulidades, relacionadas com a prisão preventiva do seu cliente.

José Sócrates está preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora por suspeita de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada num caso relacionado com alegada ocultação ilícita de património e transacções financeiras no valor de vários milhões de euros.

Além de Sócrates e João Perna, no âmbito da mesma operação está ainda em prisão preventiva Carlos Santos Silva, empresário e amigo de longa data do ex-líder socialista. O processo tem ainda como arguido o advogado Gonçalo Trindade, que está proibido de contactar com os restantes arguidos, de se ausentar para o estrangeiro, com a obrigação de entregar o passaporte e de se apresentar semanalmente no DCIAP.