27 nov, 2014
O presidente do Novo Banco, entidade de transição resultante da intervenção pública no BES, mostra-se está disponível para colaborar com as autoridades na investigação aos indícios criminais relativos à anterior administração de Ricardo Salgado.
"Se são temas do BES, são temas do BES. Naquilo que exija algum trabalho do Novo Banco, é evidente que a resposta é sim", disse Eduardo Stock da Cunha aos jornalistas, quando questionado sobre as buscas desta quinta-feira ao universo BES.
Um dos alvos dos inspectores é a sede do agora Novo Banco, onde esteve pessoalmente o juiz Carlos Alexandre a coordenar as operações. Stock da Cunha separa as águas e salienta que as acções desta quinta-feira têm a ver com actividades do passado.
"Por acaso, a sede do BES é na Avenida da Liberdade, 195. A haver alguma coisa, penso eu que é do BES. Ao BES o que é do BES, ao Novo Banco o que é do Novo Banco. O Novo Banco nasceu no início de Agosto, estamos a falar de situações anteriores a agosto de 2014, não é nada connosco", salientou o gestor.
Perante a insistência dos jornalistas acerca das buscas ao BES, Stock da Cunha reafirmou que, sendo presidente do Novo Banco, só comenta assuntos da entidade que lidera.
A PJ está esta quinta-feira a realizar buscas domiciliárias e não domiciliárias no âmbito de um processo-crime que envolve o BES. A operação decorre na zona da grande Lisboa, pressupõe cerca de 60 buscas domiciliárias e não domiciliária e envolve cerca de 200 inspectores da PJ.
O processo, que decorre no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), foi instaurado após uma participação do Banco de Portugal.
Após rebentar o chamado caso BES, a PGR criou uma equipa especial para investigar as alegadas irregularidades e os ilícitos criminais na gestão daquele banco, sendo a equipa multidisciplinar constituída por magistrados do DCIAP, elementos da Autoridade Tributária, da PJ e dos reguladores - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e Banco de Portugal.
A 3 de Agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.