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Magalhães foi um "fracasso" em Matosinhos

24 nov, 2014

O computador introduzido no plano tecnológico durante o governo de José Sócrates "raramente foi utilizado nas salas de aula", revela estudo da Universidade Portucalense.

Magalhães foi um "fracasso" em Matosinhos
O computador Magalhães foi um "fracasso" em Matosinhos devido, essencialmente, "à sua fraca integração nas actividades lectivas”, revela um estudo da Universidade Portucalense (UPT).

O estudo - "Avaliação do impacto do portátil Magalhães no 1º ciclo do ensino básico do concelho de Matosinhos: factores de (de)motivação no contexto educativo” -  envolveu 400 alunos, 181 encarregados de educação e 101 professores do 1º ciclo do ensino básico do concelho de Matosinhos.

Concluiu que "não houve um retorno imediato por parte das instituições escolares, que apenas utilizavam esta ferramenta de forma esporádica dentro do contexto de sala de aula".

Este computador de baixo custo foi introduzido no plano tecnológico em 2008, durante o mandato de José Sócrates, através do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, o que levou a um investimento superior a 50 milhões de euros.

"A primeira grande ilação que podemos retirar é de que o portátil Magalhães serviu mais como um apoio simples e não como um recurso central de inovação pedagógica. Os resultados deste estudo permitem-nos verificar que 89,1% dos professores, 84,5% dos encarregados de educação e 86% dos alunos consideram que nunca ou raramente o computador é utilizado nas salas de aula", referiu, em comunicado o autor do estudo, João Paulo da Silva Miguel.

"Os professores precisam de adquirir e desenvolver competências para poderem utilizar o portátil Magalhães", pode ler-se no comunicado enviado pela UPT.

"A ideia da distribuição massiva dos Magalhães, com finalidade de democratização do acesso às tecnologias e sua implementação no quotidiano das salas de aula para preparação do cidadão para o futuro, parece estar votada ao fracasso. Existe um longo caminho a percorrer para valorizar o esforço financeiro que foi aplicado e permitir que as tecnologias sejam incluídas de forma transversal nos currículos, surgindo nas escolas do 1º ciclo de uma forma sistemática e planeada, em vez de pontual e espontânea”, defende João Paulo da Silva Miguel.