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Governo rejeita ceder a "pressões" na véspera de greve na TAP

29 out, 2014

Tripulantes convocaram uma paralisação de quatro dias. A degradação do "ambiente laboral" é uma das justificações para o protesto.

Governo rejeita ceder a "pressões" na véspera de greve na TAP
O secretário de Estado dos Transportes rejeitou ceder a "pressões" no âmbito da greve dos tripulantes de cabine da TAP, admitindo que a paralisação, a ter algum efeito, será o de acelerar o processo de privatização.

"Acho que a greve agrava mais, separa mais, do que aproxima. Agrava a situação da empresa - não é que esteja mal do ponto de vista financeiro, está a crescer - mas torna a empresa notícia por maus motivos, afasta passageiros, que ficam desesperados, e sobretudo [os trabalhadores] não se podem queixar que não lhes dizemos a verdade", afirmou Sérgio Monteiro.

Falando aos jornalistas à margem do congresso europeu Eurolog, com o patrocínio do Presidente da República e da Associação Portuguesa de Logística(APLOG), que se realiza esta quarta-feira em Lisboa, o secretário e Estado declarou que os trabalhadores da transportadora "já sabem o que pode ou não ser feito".

"A greve, normalmente, é um instrumento de pressão sobre a administração ou sobre o Estado para conseguirem certas coisas. Ora, é claro o que pode ser feito ou não. Não vale a pena estarem com pressões desta natureza porque a nossa posição é só uma e já lhes foi comunicada", sublinhou o secretário de Estado. Apelou, por isso, ao bom senso "daqueles que convocaram esta greve, no sentido de não prejudicarem a empresa".

Questionado pela Lusa sobre se a greve pode ter um impacto negativo no processo de privatização da empresa, Sérgio Monteiro respondeu que não. "Desse ponto de vista, se o objectivo é esse [travar a privatização], o impacto é indiferente. Se alguma coisa acontece, acelera o processo de privatização", salientou.

O governante referiu ainda que vai reunir-se com a plataforma de todos os sindicatos representativos dos trabalhadores da transportadora aérea, a pedido desta, e insistiu na disponibilidade manifestada pelo Governo para dialogar.

Sérgio Monteiro revelou, por fim, que o Governo pediu à administração da TAP, há duas semanas, "que ponderasse, no âmbito da proposta do Orçamento do Estado para 2015 que medidas podem ser tomadas - iguais ou diferentes ao OE2014 - que possam mitigar o impacto na vida de alguns trabalhadores".

Entretanto, a TAP divulgou na terça-feira que quase metade dos passageiros com reserva para voar na TAP na quinta-feira e no sábado, dias de greve
dos tripulantes de cabine, já cancelaram ou reagendaram as suas viagens.

A greve, convocada pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), filiado na UGT, é repartida em dois períodos, sendo o primeiro entre as 00h00 e as 23h59 de quinta-feira e sábado e a segunda a 30 de Novembro e 2 de Dezembro. A degradação do "ambiente laboral causado por uma gestão caracterizada por permanentes violações às regras laborais" e “acções persecutórias” aos tripulantes, são algumas das razões para a greve.