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"Não se vê um coelho"

24 out, 2014 • Olímpia Mairos

Nova estirpe da viral hemorrágica está a matar o coelho bravo em todo o país.

"Não se vê um coelho"
Os caçadores estão preocupados com o quase desaparecimento do coelho bravo, que está a ser dizimado por uma nova estirpe do vírus hemorrágico.

A doença já exterminou 90% de animais e várias zonas associativas ponderam fechar a época venatória por falta de caça.

"Está-se a chegar a uma fase de tal maneira preocupante que, se não houver uma intervenção rápida de quem tem a obrigação de zelar por este património riquíssimo, que é fonte de riqueza, o coelho pode ser uma espécie em vias de extinção", denuncia Júlio de Carvalho, dirigente de associações do sector.

A espécie cinegética está a ser afectada "por uma segunda característica da viral hemorrágica, que destrói todos os coelhos acabados de nascer".
 
"Não se vê um coelho", afirma o presidente da Associação de Caça de Santa Ana, em Bragança, e também dirigente da Federação Nacional da Caça.

Um problema que se estende a todo o país. Júlio de Carvalho revela que, numa zona de caça no Alentejo, "onde normalmente 30 caçadores matavam no primeiro dia de caça 300 a 400 coelhos, neste momento matam 10, 12, por todos".

O desaparecimento do coelho bravo levará também à extinção de outras espécies importantes que sobrevivem graças a este animal e terá repercussões muito fortes "em termos de turismo nacional, porque é a actividade que mais caçadores atrai".

"Não havendo caça, o turismo, a criação de cães, a produção de cartuchos e outras actividades vão afectar, e de que maneira, seriamente a nossa economia nacional", conclui.

Governo tem de intervir
"É um assunto de tal maneira grave e importante para o país que o Governo tem de intervir imediatamente", defende o caçador, salientando a desorientação dos caçadores, na medida em que não sabem o que fazer para "salvar o coelho", pois "nada tem resultado no combate a esta doença".

"Tem de haver uma intervenção muito forte, muito determinada para salvar este sector da economia nacional", enfatiza.

Júlio de Carvalho lembra que o sector da caça "representava, em média, cerca de 500 a 600 milhões para o PIB nacional e é uma fonte de riqueza muito importante até porque em torno da caça giram uma série de outras atividades".