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Milhares de idosos vivem sozinhos e abaixo do limiar de pobreza

01 out, 2014 • Ana Carrilho

Em Portugal, mais de milhão e meio de pensionistas têm reformas inferiores ao salário mínimo.

Milhares de idosos vivem sozinhos e abaixo do limiar de pobreza
Mais de milhão e meio de pensionistas têm reformas inferiores ao salário mínimo, o que faz com que Portugal seja, na União Europeia, um dos países que tem maior percentagem de pessoas idosas a viver sozinhas e abaixo do limiar de pobreza.

A presidente da Associação de Pensionistas e Reformados (“APRe!”), Maria do Rosário Gama, diz à Renascença que é urgente proteger os mais velhos. Para tal, a “APRe!” insiste na necessidade de criar uma comissão de protecção de idosos, um apelo que consta de um manifesto a entregar esta quarta-feira em 30 autarquias.

As reformas são, em geral, baixas, mas quando as pessoas não completam a carreira contributiva, a situação agrava-se. No ano passado, 150 mil beneficiários da Segurança Social pediram a reforma antecipada, o mesmo acontecendo com alguns milhares na caixa Geral de Aposentações (CGA). No caso da Segurança Social, as pessoas reformam-se, em média, aos 63 anos; na CGA, ano passado, nem sequer atingiram os 61.

Segundo dados da PORDATA, em Portugal, as pessoas com mais de 65 anos ultrapassam os dois milhões, quase 20% da população. Portugal é o quarto país mais envelhecido da União Europeia a 27 membros, de acordo com dados de 2012. Com percentagens mais elevadas, aparecem a Grécia, a Alemanha e, no fundo da tabela, a Itália.

Os concelhos de Alcoutim, Idanha-a-Nova, Penamacor, Pampilhosa da Serra e Vila Velha de Ródão duplicam a média nacional e têm mais de 40% de idosos.

Em todos o país, há dois idosos para cada criança com menos de 10 anos. Na década de 70, era ao contrário. Os mais velhos são avós cada vez mais tarde, porque a idade em que as filhas se tornam mães mais também aumentou, rondanddo, agora, os 30 anos.

A esperança de vida também aumentou. Em 2012, aos 65 anos, os portugueses tinham a expectativa de viver, em média mais 19 anos - mais elas, mais que eles: 20 anos contra 17.

Um terço dos maiores de 65 não completou qualquer grau de escolaridade, não sendo por isso de admirar que apenas um em cada cinco indivíduos deste universo tenha usado computador nos últimos três meses. A média europeia é de um para três. Ainda assim, Portugal registou uma das maiores evoluções entre os 28 nos últimos anos.