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Passos Coelho

A qualidade do ensino vs. a "salsicha educativa"

22 set, 2014

Primeiro-ministro criticou as reformas educativas de "há muitos anos atrás", incluindo as que se aplicaram à sua geração.

A qualidade do ensino vs. a "salsicha educativa"
O primeiro-ministro defende que é preciso alargar a rede do pré-escolar e considerou preocupante a menor procura de cursos superiores de áreas tecnológicas, num discurso em que contrapôs a "chamada salsicha educativa" à qualidade do ensino.
O primeiro-ministro defende que é preciso alargar a rede do pré-escolar e considerou preocupante a menor procura de cursos superiores de áreas tecnológicas, num discurso em que contrapôs a "chamada salsicha educativa" à qualidade do ensino.

Pedro Passos Coelho assumiu estas posições numa cerimónia organizada pelo Conselho Superior de Educação para assinalar a abertura do ano escolar, durante a qual foi feita uma homenagem ao político e professor Adriano Moreira, antigo presidente do CDS.

Depois de comentar o relatório do Conselho Nacional de Educação divulgado no sábado sobre o estado da educação em Portugal, o primeiro-ministro concluiu: "Sabemos que ainda temos um caminho longo a percorrer, porque sabemos melhor do que ninguém que aumentar a chamada salsicha educativa não é a mesma coisa que ter um bom resultado educativo. Foi assim que no passado a generalização de novos graus de ensino não correspondeu a um salto qualitativo mais exigente no produto escolar".

"Temos muito mais alunos a frequentar o ensino básico e secundário, esperamos poder ter significativamente mais alunos a frequentar o ensino superior, mas é importante que o resultado final corresponda a uma melhoria da qualidade do ensino que é prestado", completou.

Antes, num comentário ao aumento do "esforço de universalização" do pré-escolar recomendado no referido relatório, Passos Coelho referiu que essa rede de ensino "adquiriu já uma dimensão muito significativa", através de protocolos com instituições particulares e de investimento directo do Estado.

"Na verdade, esse esforço tem de ser mais alargado ainda", defendeu, depois, o chefe do executivo PSD/CDS-PP, argumentando que a "falta de condições que é oferecida sobretudo aos jovens casais" a esse nível está associada ao "declínio demográfico" português.

No que respeita ao ensino superior, Passos Coelho manifestou-se preocupado com o "fenómeno" da "progressiva menor procura de cursos de base tecnológica". Disse temer "um desvio que seja difícil de colmatar" e que ponha em causa a "estratégia de crescer através do valor e não da contenção de custos".

No seu discurso, que durou perto de meia hora, o primeiro-ministro criticou as reformas educativas de "há muitos anos atrás", incluindo as que se aplicaram à sua geração: "As escolas, os professores, os estudantes eram assim uma espécie de cobaias dos grandes sistemas reflexivos que conduziam a políticas importantes de reforma que tinham de ser executadas de tal forma que todo o edifício tinha de ser mexido e alterado".

Relativamente à política de educação do actual Governo, Passos Coelho sustentou que "os resultados apontam méritos importantes" ao caminho percorrido.