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Chumbos custam cerca de 200 milhões por ano a Portugal

20 set, 2014 • Fátima Casanova

Um relatório do Conselho Nacional de Educação coloca o país na cauda da Europa em relação a retenções de alunos e acusa escolas de uma cultura de manipulação de notas.  

Chumbos custam cerca de 200 milhões por ano a Portugal
Portugal é o país da Europa com mais alunos com duas ou mais retenções.

Os chumbos de cerca de 37 mil alunos por ano representam um custo para o país a rondar os 200 milhões de euros, segundo dados de um relatório elaborado pelo Conselho Nacional de Educação.

O documento revela que Portugal está longe da meta europeia no que toca ao abandono escolar precoce.

Os dados de 2013 relativos ao abandono escolar precoce colocam Portugal na cauda da Europa com 19,2% dos jovens a deixarem o sistema de ensino antes de completar o secundário. A média europeia está abaixo dos 12% e a meta da UE para 2020 é de 10%.

O relatório do Conselho Nacional de Educação destaca também o aumento das retenções em todos os ciclos nos dois últimos anos lectivos, invertendo uma tendência que se mantinha desde os anos 90.

Os chumbos começam logo no primeiro ciclo e quase metade dos alunos com 15 anos já repetiram o ano, uma ou duas vezes, o que se traduz no valor mais alto da União Europeia.

De acordo com o documento algumas escolas tendem a aumentar a retenção dos alunos, de forma a não fazer baixar as médias das classificações de exame. Mas no relatório sobre o estado da Educação, avisa-se que a cultura de retenção é um indicador de ineficiência do sistema educativo e que tem custos pesados para o país.

O relatório alerta ainda para o facto de, nos últimos dois anos, se ter verificado um decréscimo da taxa real de escolarização no 2º e 3º ciclo do ensino básico.

Os conselheiros denunciam ainda que as escolas manipulam as notas e dizem que as notas internas, de forma reiterada, estão inflacionadas em relação aos resultados obtidos pelos alunos nos exames nacionais. No relatório sublinha-se mesmo que muitas escolas ultrapassam os limites razoáveis de desvio, principalmente no ensino secundário, para facilitar o ingresso dos alunos na faculdade.

Por fim, o Conselho Nacional da Educação refere que houve um decréscimo das despesas em todos os sectores do ensino nos anos de 2011 e 2012 e que o Estado eliminou desde 2001, mais de sete mil estabelecimentos de ensino públicos, sobretudo no pré-escolar e 1º ciclo.