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Famílias numerosas querem ouvir mais do que promessas de Passos Coelho

19 set, 2014 • Filipe d’Avillez

Congresso das famílias numerosas realiza-se em Cascais. A associação sublinha as boas intenções manifestadas pelo Governo, mas quer ver medidas concretas para uma política familiarmente responsável.  

As famílias numerosas saúdam o interesse do Governo na questão da natalidade e dos obstáculos a ter filhos em Portugal, mas querem ouvir mais do que meras promessas e intenções de Pedro Passos Coelho, quando, na tarde desta sexta-feira, o primeiro-ministro discursar no congresso da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas (APFN).

O presidente da APFN, Luís Casal-Ribeiro Cabral, vê como positivo que o Governo tenha encomendado um estudo sobre a natalidade e avançado já a possibilidade de aumentar os descontos no IRS em proporção à dimensão do agregado familiar. O dirigente sublinha "a tomada de atenção do Governo em relação a este assunto, que era quase ignorado há pouco tempo", numa altura em que "vemos que vários países se preocupam com ele, que é um problema real".

"Estamos na cauda da Europa, nesse aspecto, e só o simples facto de os problemas estarem em cima da mesa é positivo", sublinha

"Agora, o que esperamos é que alguma coisa de concreto saia daí", adverte o presidente da APFN. "No projecto da natalidade e do IRS, há coisas bastante positivas, como a conciliação trabalho-família, na atribuição dos vales sociais, no quociente familiar, que é algo que não havia. Não é o que pretendíamos exactamente, mas já é alguma coisa", explica

Cabral considera, contudo, que não bastam incentivos fiscais e outras medidas pontuais. Considerando que em muitas situações são precisamente os casais com melhores condições financeiras que optam por não ter mais filhos, o presidente do APFN reclama por uma verdadeira política familiar: "Se houver uma política de família, uma política familiarmente responsável e que apoie as famílias existentes,  poderá haver indirectamente um incentivo para quem quer ter filhos, ou ter mais filhos".

"O que o primeiro-ministro disse, e muito bem, é que passa por remover obstáculos a quem opta por ter filhos. Removidos esses entraves pode ser que mais gente se entusiasme, vamos ver. De qualquer maneira, não há soluções mágicas", adianta.

Ao Governo, Luís Cabral aconselha o exemplo de países europeus que conseguiram precisamente inverter os números: "Algumas políticas têm sido postas em prática em países como França, com bons resultados, que conseguiram inverter a baixíssima natalidade, tendo já uma natalidade próxima dos 2,1. Nós andamos pelo 1,2."

Homenagem a Fernando Castro
Com apenas seis meses passados desde a morte do fundador e primeiro presidente do APFN, Fernando Castro, este congresso promete ser também um momento para recordar o homem que marcou muito a associação.

"Vai ser recordado de forma especial. Vamos atribuir um prémio também à Leonor, mulher dele, e vai ser recordado porque está muito presente ainda. Faz seis meses da sua morte no sábado e ao meio-dia teremos uma missa celebrada por um dos seus filhos, que é sacerdote", explica Luís Cabral.

O III Congresso das Famílias Numerosas decorre em simultâneo com o VII Congresso Europeu das Famílias Numerosas e realiza-se em Cascais, a partir desta sexta-feira e até domingo. Nos trabalhos, estarão representantes de vários países, incluindo a Hungria, Eslovénia, Espanha, Itália e República Checa.

Ao mesmo tempo, haverá um espaço de diversão para toda a família a funcionar no hipódromo de Cascais, o "Family Land".