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"Má forma de começar". Novo mapa judiciário arranca sem plataforma informática

01 set, 2014

Ordem dos Advogados diz que problema vai traduzir-se em atrasos “irrecuperáveis”. Já o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público alerta para a falta de espaço.

"Má forma de começar". Novo mapa judiciário arranca sem plataforma informática
Na hora de abertura dos tribunais, no primeiro dia da entrada em vigor do novo mapa judiciário, continua sem funcionar a plataforma informática por onde passam todos os processos judiciais.

Pelo que se pode ler na página na Internet, a plataforma “Citius” vai continuar, ao longo de toda a manhã, inoperacional devido a “intervenções técnicas imprescindíveis.”

“É uma má forma de começar o ano judicial. A plataforma devia estar a funcionar desde a meia-noite”, comenta à Renascença António Martis, presidente do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados.

“Os advogados estão impossibilitados de trabalhar pela via normal e são obrigados a recorrer à via tradicional, que é o papel e a apresentação nas secretarias, sendo que esta última poderá hoje ser um acto difícil”, explica.

Em Loures, por exemplo, avisa António Martins, “há milhares de processos a chegar ao tribunal que não estão ainda organizados e onde as obras estão bastante atrasadas”.

Problemas que, na opinião do presidente da Ordem dos Advogados, vão traduzir-se em atrasos “irrecuperáveis” na justiça. “Tudo isto terá um atraso muito grande, na melhor das hipóteses, e se tudo correr bem (se correr mal é muito mais do que isso) de nove a dez meses”, alerta. 

Em Faro, a Renascença constatou que na delegação de Portimão, os utentes estão a ser enviados para casa até que o sistema informático volte a funcionar, enquanto no Tribunal de Viana do Castelo os funcionários queixam-se da falta de meios.

Magistrados alertam para a falta de espaço
Em diversos pontos do país não há instalações adequadas para todos os funcionários, um problema que pode comprometer a celeridade da Justiça “de forma grave”, denuncia o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.

Rui Cardoso alerta para a existência de espaços exíguos e instalações que "não são adequadas" ao número de funcionários e magistrados a trabalhar nos edifícios, depois da obrigatória concentração de trabalhadores.

O líder sindical diz que estes espaços são “insuficientes para as necessidades do serviço, quer em termos de gabinetes, espaço para secções e até salas para actos, nomeadamente julgamentos e actos do próprio ministério público”.

A juntar a este problema, está a carência de funcionários. Só no Ministério Público faltam mais de 100 magistrados.

Terminadas as férias judiciais, o novo mapa judiciário entra em vigor esta segunda-feira. O início do mês de Setembro marca a divisão do país em 23 comarcas, com 20 tribunais a encerrar e 27 convertidos em igual número de secções de proximidade.

Dos 311 tribunais actualmente existentes, 264 tribunais são convertidos em 218 secções de instância central e 290 em secções de instância local.