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Apoio psicológico a tripulantes TAP assaltados no Panamá

17 ago, 2014 • José Bastos

"Incidente pode deixar marcas", mas Carlos Amoroso nota que “acompanhamento é sigiloso”. Associação Profissional confirma regresso a Portugal dos sete tripulantes alvo de acção violenta na capital panamiana.

Apoio psicológico a tripulantes TAP assaltados no Panamá

Foi disponibilizado acompanhamento psicológico aos tripulantes da TAP, vítimas de assalto com contornos de grande violência na América Central.

Os tripulantes chegaram este domingo à tarde a Lisboa depois de, na última quinta-feira, terem sido atacados num dos principais hotéis da cidade do Panamá.

Os portugueses terão sido apanhados circunstancialmente no meio de uma acção que visava a recepção do hotel e não nenhum grupo de hóspedes em particular.

No momento do "check-in", quatro assaltantes empunhando armas de fogo levaram todos os documentos, bagagem de mão e bens pessoais: dinheiro, telemóveis, relógios e óculos. Apenas um elemento da tripulação portuguesa foi poupado pelos criminosos: foi o primeiro a fazer o "check-in" e já se encontrava no quarto.

Em declarações à Renascença, Carlos Amoroso, presidente da Associação Portuguesa de Tripulantes de Cabine (APTCA ), confirma o regresso dos portugueses, no voo TP159, cidade do Panamá-Lisboa, via Bogotá.

"Os tripulantes cumpriram as suas funções com máximo profissionalismo. Conseguiram realizar um voo perfeitamente normal apesar da violência dos acontecimentos no Panamá", nota.

"Este tipo de incidente pode deixar marcas psicológicas", reconhece Carlos Amoroso, sublinhado que a APTCA criou um grupo de trabalho específico para apoiar os tripulantes nestas condições.

“Temos os nossos próprios recursos e a nossa própria capacidade de intervir nestas situações”. “Esperamos também que a empresa (TAP) tenha o mesmo tipo de cuidado com os seus funcionários, com os seus tripulantes”, indica Carlos Amoroso.

Acompanhamento psicológico é sigiloso
O presidente da Associação Portuguesa de Tripulantes de Cabine recusa revelar quantos funcionários da TAP envolvidos no incidente violento do Panamá estão ser alvo de acompanhamento psicológico.

"São informações confidenciais que só essa equipa interdisciplinar tem. São contactos que essa equipa faz. Equipa que está a acompanhar os tripulantes". A operação está em curso, garante Carlos Amoroso.

"A equipa está já a intervir, está com contacto com os tripulantes, mas essas situações são de sigilo, são do domínio privado. O que importa é que os tripulantes em causa têm o nosso apoio", observa.

Este incidente no Hotel Marriot da cidade do Panamá não é o primeiro envolvendo escalas habituais de tripulações da TAP. Destinos na América do Sul e em África são considerados de algum risco e alvo de recomendações de segurança.

Um dos casos de maior visibilidade pública ocorreu no mês de Janeiro quando dois pilotos foram sequestrados por um gang de cinco homens armados em Maputo, capital de Moçambique.

Os pilotos de longo curso estiveram retidos durante duas horas, mas acabaram por ser libertados num local ermo. Os criminosos ter-se-ão apercebido da condição profissional dos portugueses e da eventual repercussão mediática da acção.

A APTCA reitera que a segurança das tripulações é, em primeira instância, responsabilidade das transportadoras aéreas. "A Associação preocupa-se com os destinos e com a segurança, mas essa matéria compete às companhias que colocam as tripulações em cada destino", nota Carlos Amoroso.

"A nossa expectativa é que haja uma análise muito detalhada deste caso no Panamá, neste e outros, e que a empresa possa adoptar medidas adequadas para esta situação não se repetir", conclui.