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Moedas? "Má notícia", diz Seguro e o resto da esquerda

01 ago, 2014

Escolha "estritamente partidária" e "uma má notícia para Portugal", diz o líder do PS. PCP e BE vêem a "troika" no rosto de Carlos Moedas.

Moedas? "Má notícia", diz Seguro e o resto da esquerda
O secretário-geral do PS disse, esta sexta-feira, que a escolha de Carlos Moedas para comissário europeu é "estritamente partidária" e "uma má notícia para Portugal".

Para António José Seguro, falta ao nome indicado pelo primeiro-ministro "peso político e prestígio europeu". "O Governo escolheu um dos seus sem pensar nos interesses dos portugueses", reforçou o líder socialista.

"Trata-se de uma escolha que só responsabiliza o Governo e o PS discorda desta escolha", afirmou Seguro, numa conferência de imprensa realizada na sede do partido, em Lisboa.

O reforço de uma desilusão
Para o Bloco de Esquerda, a escolha do novo comissário europeu serve para o Governo recompensar "descaradamente" as negociações com a "troika", que, segundo o partido, instalaram a austeridade em Portugal.

"Moedas foi descaradamente recompensado pelo trabalho que fez na implementação da austeridade em Portugal. Era o representante, o senhor 'troika' em Portugal", disse a deputada do Bloco, Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

A deputada considera que Carlos Moedas é "o homem de mão dos interesses financeiros e económicos e da elite económica financeira". A presença de Carlos Moedas em Bruxelas não trará "nada de bom ou de diferente" para Portugal, já que este irá seguir a política de austeridade que "destruiu o país".

"Esta escolha reforça um pouco a nossa desilusão em relação à União Europeia. Cada vez temos mais certeza que podemos esperar menos de uma UE que, cada vez mais, caminha na direcção destes interesses e se afasta do povo europeu", sublinhou.

"Um rosto da 'troika'"
O PCP também lamentou opção do Governo por um "rosto da 'troika'”, para comissário europeu, lembrando também o seu passado profissional em bancos de investimento multinacionais.

"Não deixa de se registar que a escolha tenha recaído num dos principais rostos da política da troika, responsável pela destruição das condições de vida dos portugueses, do saque aos rendimentos de trabalhadores e reformados e o afundamento económico do país", declarou o eurodeputado João Ferreira, na sede comunista de Lisboa.

Segundo Ferreira, a eleição de portugueses para a Comissão Europeia "não tem correspondido a qualquer defesa dos interesses do povo português e do direito do país ao desenvolvimento soberano".