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Curry Cabral e São João criam planos de contingência para o ébola

01 ago, 2014 • André Rodrigues

Vírus está fora de controlo na África Central e Ocidental e já matou mais de 700 pessoas. Risco para Portugal é muito reduzido, mas a Direcção-Geral de Saúde está atenta a uma eventual propagação do vírus.

Mesmo longe das rotas de propagação do surto de ébola, Portugal tem já em marcha um plano de contingência para acompanhar eventuais casos suspeitos. Os hospitais de São João, no Porto, e Curry Cabral, em Lisboa, dispõem já de zonas de isolamento para quem apresente sintomatologia compatível com a febre hemorrágica.

Carlos Alves, infecciologista do São João, afirma que esta medida extraordinária segue um rigoroso protocolo, a começar nos profissionais de saúde, “que dispõem de 'kits' completos de protecção que devem ser manuseados segundo uma ordem correcta para serem vestidos e para serem despidos, de modo a evitar contacto directo com os agentes transmissores” (no caso do ébola, são o sangue e as secreções dos doentes).

O alastramento do surto na África Ocidental deve-se sobretudo às deficientes condições sanitárias do conjunto de países onde o número de vítimas mortais ultrapassa as 700. Uma dessas zonas mais afectadas é a Guiné Conacri, que faz fronteira com a Guiné Bissau.

Com o retomar das ligações aéreas entre Lisboa e Bissau a partir de Outubro, há que "estar atentos porque haverá uma circulação muito mais facilitada de pessoas que estão na proximidade do vírus”, adverte Carlos Alves.

Para já, não há registo de casos de infecção por vírus ébola na Guiné Bissau, por isso o risco em Portugal é reduzido. Tanto mais improvável, se se considerar um eventual cenário de casos simultâneos.

Ainda assim, não estão excluídas eventuais situações menos previsíveis. “Daí que tenhamos quatro quartos com seis camas, além da unidade de cuidados intensivos para situações de extrema gravidade”. Carlos Alves considera “altamente improvável” um cenário em que se esgote toda a capacidade do serviço, “mas há que estar preparado”.

A detecção de casos suspeitos conjuga um somatório de condicionantes que não se esgotam nos sintomas mais comuns. “Acima de tudo há que não entrar em alarmismos: para se ser um potencial portador de doença por vírus ébola é preciso, antes de mais, ter estado numa zona onde o vírus tenha actividade, ter contactado com pessoas ou animais doentes”. Depois, toda a sintomatologia mais comum, “desde logo febres altas, dores de cabeça associadas, dores de barriga, dores musculares, diarreias”. Caso se concretize esta combinação, “as pessoas devem imediatamente reportar essa situação aos serviços de saúde, nomeadamente a Linha Saúde 24”.

E esta é a forma preferencial de comunicar qualquer caso suspeito. Os profissionais de saúde desaconselham idas directas a centros de saúde ou urgências hospitalares.