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Estudar à distância pode salvar alguns cursos?

01 ago, 2014 • Ângela Roque

A sobrevivência de alguns cursos pode passar pelo regime do ensino à distância. Na Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da Universidade Católica Portuguesa, a licenciatura em Filosofia é também ministrada na modalidade "b-learning". E já ganhou alunos de vários partes do mundo.

Estudar à distância pode salvar alguns cursos?

É a única licenciatura em Filosofia, no país, em regime semi-presencial. Os alunos podem acompanhar o que é dado nas aulas também através da plataforma Moodle, na Internet.

Américo Pereira, coordenador da área científica de Filosofia da FCH da Católica, explica que “há uma forma de presencialidade clássica em sala de aula, uma vez por mês, às  sextas-feiras ao fim da tarde e ao sábado de manhã”, mas todas as semanas são colocados conteúdos “na plataforma que serve de interface científico e pedagógico entre cada um dos alunos e o professor respectivo. No fundo, temos 14 lições que disponibilizamos aos alunos. Pelo menos 10 na plataforma e quatro sob a forma presencial”.

A partir de Setembro, quem não puder deslocar-se a Lisboa pode acompanhar as aulas através de videoconferência. O sistema, já testado no 1º ano, vai ser alargado a todos os anos da licenciatura, de modo a “permitir a alunos que não podem vir ao Campus frequentar as lições que o façam em interface directo, online, através da plataforma Adobe Connect”.

“Eles participam exactamente em igualdade de circunstâncias com os outros colegas nas lições, só que não têm de estar fisicamente presentes. Portanto, temos gente que acede a partir de África e de várias zonas dentro do país. Participam por videoconferência”, explica o professor. Obrigatório para todos os alunos, mesmo os mais distantes, é o regime de avaliação: “Têm de vir duas vezes ao Campus, uma em cada semestre, para fazer as provas presenciais. Essas têm de ser mesmo feitas aqui, pelas razões óbvias de seriedade da avaliação".

Américo Pereira acredita que o futuro de muitos cursos passa por aqui: “Penso que, dentro de dez ou 20 anos, grande parte dos cursos esteja a funcionar deste modo, porque as pessoas estão a ser postas numa vida de tal maneira e necessariamente móvel, que vai ser muito difícil ter alguém preso ao mesmo sítio durante três anos. Vai haver muita gente que começa o curso aqui e vai ter de o terminar noutra cidade, porque os pais tiveram de mudar de emprego, de localidade, de país”.
 
Quem não se adapta, desaparece
O professor da FCH da UCP sublinha que as instituições têm de se adaptar à mobilidade da vida actual se quiserem sobreviver: “O ensino universitário vai ter de acompanhar este novo ritmo de vida ou, pura e simplesmente, vai desaparecer. A universidade, apesar do tempo e tradição que tem, não é propriamente uma lei física do universo. Pode terminar se não se souber adaptar".

Leccionado em Lisboa, o curso de Filosofia em sistema "b-learning" da UCP tem atraído alunos de vários pontos do país, do Brasil e dos PALOP. Alguns já têm outra formação superior, muitos já com uma vida profissional activa, mas que querem aprofundar os seus conhecimentos em Filosofia.

Américo Pereira explica que “como muitos dos alunos são pessoas que já têm habilitação própria e, portanto, não têm de fazer o 'curriculum' completo, conseguem equivalências e dispensas". Assim, "o ritmo de saída do curso não é às fornadas, no final de cada ano”.  Foram já concedidas dez licenciaturas neste regime e, em Setembro, haverá mais.

A primeira fase de candidaturas decorre até 6 de Agosto.