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FCT garante que investigação em Portugal está a salvo

31 jul, 2014 • Cristina Nascimento

Num e-mail enviado aos investigadores, a direcção da Fundação para a Ciência e a Tecnologia diz que o processo de avaliação das unidades de investigação científica tem originado "interpretações mais ou menos especulativas, raramente sustentadas por factos”.

A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) rejeita as críticas de que tem sido alvo, a propósito do processo de avaliação das unidades de investigação científica.

Num e-mail dirigido aos investigadores, a que a Renascença teve acesso, a direcção da FCT refere que foram feitas e tomadas “declarações e posições, repetidas e amplificadas por diversos meios” que se revelam “pouco rigorosas, parciais e descontextualizadas”, correspondendo "a interpretações mais ou menos especulativas, raramente sustentadas por factos”.

“Queremos com este texto dirigido aos investigadores apresentar o que é e não é verdade sobre esta avaliação”, lê-se no documento.

A FCT nega, por exemplo, que “a avaliação esteja a conduzir à destruição do sistema de instituições de investigação e desenvolvimento em Portugal”, por considerar que sete em cada dez investigadores estão em unidades com acesso a financiamento razoável. A instituição garante ainda que a “percentagem de unidades não elegível para financiamento é de 22%, um valor muito semelhante ao da avaliação de 2007-08 (17%)”.

Não há quotas
A fundação garante também que o contrato assinado com a entidade que levou a cabo o processo de avaliação, a European Science Foundation (ESF), não previa a exclusão automática de metade das unidades da fase da avaliação que permite ter um financiamento considerado razoável.

“O conteúdo do contrato reflecte estimativas que marcam o ponto de partida para estabelecer os valores do contrato em função das despesas previstas e do trabalho envolvido em cada etapa. As estimativas descritas no contrato com a ESF têm em conta o cenário actual para as unidades (cerca de 30% com classificação Bom) e o que aconteceu no concurso de 2007 (em que cerca de 20% ficaram abaixo de Bom)” esclarece o texto da FCT, acrescentando que “esta estimativa não significa que, na hipótese de se vir a registar uma desproporção entre essas estimativas e o volume de unidades a passar à segunda fase, não seriam revistos os custos e as condições do contrato”.

A FCT indica também que “não é verdade que a FCT tenha imposto restrições para qualquer área científica ou região geográfica”, que “a avaliação esteja a deixar sem trabalho ou a forçar à emigração milhares de investigadores” ou que “as unidades não tenham sido avaliadas por especialistas na sua área científica”.

A FCT tem sido alvo de fortes críticas a propósito deste processo. O reitor da Universidade de Lisboa, por exemplo, foi uma das vozes mais duras. A comunidade científica teme pela viabilidade de cerca de metade das 322 unidades de investigação do país.