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Fecho de pista na Portela em estudo. Não há espaço para estacionar aviões

31 jul, 2014

Associação Portuguesa dos Pilotos de Linha Aérea alerta para os problemas de segurança que poderão decorrer do encerramento de uma das pistas. O fecho da pista 17/35 encontra-se em avaliação.

Fecho de pista na Portela em estudo. Não há espaço para estacionar aviões
A desactivação de uma das duas pistas do Aeroporto de Lisboa para parqueamento de aviões está a ser estudada por um grupo de trabalho liderado pelo Instituto de Aviação Civil. Os pilotos consideram que a medida, a ser tomada, põe em causa a segurança.

Em avaliação está o fecho da pista 17/35, de modo a aumentar a capacidade de parqueamento, a pensar, em especial, nos A-350 que a TAP espera receber durante 2015, passando o aeroporto a operar apenas com a pista 03/21. O estudo foi pedido pela ANA - Aeroportos de Portugal, comprada, em 2013, pelo grupo francês Vinci.

O grupo de trabalho é coordenado pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) e dele fazem também parte a própria ANA/Vinci, a NAV - Portugal (controladores aéreos), o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos, a Força Aérea Portuguesa, a TAP e a Associação Portuguesa dos Pilotos de Linha Aérea (APPLA).

"Não é destruindo uma pista que está feita, não é relegando um aeroporto para fora da recomendação do manual 14 da ICAO [Organização Internacional da Aviação Civil] e não é aumentando o risco operacional em Lisboa em 25% das alturas do ano que se vai resolver o problema", alertou, esta quinta-feira, o presidente da APPLA, em declarações à agência Lusa.

Miguel Silveira diz-se "preocupado" com a possibilidade de uma das duas pistas do Aeroporto da Portela vir a ser desactivada, algo que, do seu ponto de vista, além de diminuir substancialmente a segurança de todos os intervenientes, abre a porta a que o principal aeroporto do país fique com reputação "duvidosa" no exterior.

"Atendendo a que, pelo menos, 25% dos ventos ao longo do ano não estão alinhados com a pista 03/21, mas sim com a pista 17/35, sendo estes ventos extremamente problemáticos devido à orientação e intensidade, se a pista 17/35 for fechada o Aeroporto de Lisboa deixa de cumprir com a recomendação da ICAO", sublinha o também piloto, acrescentado que a Vinci "não deve ter ponderado bem" esta situação.

O presidente da associação dos pilotos reconhece o "problema de haver uma grande limitação" de espaço no aeroporto para estacionar os A-350, tendo em conta que a sua envergadura é superior, em cerca de cinco metros, às dos actuais A-330 e A-340.

"Low-cost" agravaram problema
Miguel Silveira entende que a permanência de várias companhias aéreas de baixo custo no Aeroporto da Portela só veio agravar o problema da falta de espaço.

"Se as `low-cost´ não ocupassem o Aeroporto de Lisboa e ocupassem outros aeroportos, como se faz em quase todas as capitais europeias e mundiais, este problema [falta de espaço] já não se colocava", salientou o responsável pela APPLA.

Miguel Silveira acredita no INAC e confia na capacidade do organismo que lidera o processo "em entender o impacto operacional negativo" que acontecerá caso a pista seja desactivada.

Em resposta escrita enviada à Lusa, a ANA/Vinci diz que "está a promover todos os estudos alternativos para medidas tendentes a implementar a capacidade do Aeroporto de Lisboa".

Na base desta medida estão duas razões.

"A qualidade de funcionamento e serviço do Aeroporto de Lisboa como 'hub' (plataforma giratória de voos) e as alterações da frota da companhia 'hub' (TAP), nomeadamente a anunciada chegada dos A-350, que exigem condições especiais de parqueamento", justifica o grupo, que deixa uma garantia.

“Nunca qualquer solução que venha a ser tomada irá pôr em causa a segurança de passageiros, colaboradores, aeronaves ou materiais circulantes", frisa a ANA/Vinci.

O grupo acrescenta que "não está em condições de adiantar prazos de implementação, visto que se trata de matéria ainda em estudo".