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Bombeiro ferido não tinha equipamento adequado

29 jul, 2014

Bombeiros de Castro Daire explicam que a corporação de quase 90 homens só recebeu botas e luvas para pouco mais de 30. Também não há calças nem casacos para todos.

A falta de equipamento está na origem dos ferimentos sofridos por um bombeiro, esta terça-feira, num incêndio em Castro Daire, no distrito de Viseu, disse à Renascença o segundo comandante da corporação.

O bombeiro estava na frente de combate às chamas, era o homem da agulheta numa das linhas de água, e não vestia equipamento pessoal de protecção porque a corporação não tem material para todos os voluntários, denuncia João Carlos Almeida.

O segundo comandante dos Bombeiros Voluntários de Castro Daire explica que a corporação de quase 90 homens só recebeu botas e luvas para pouco mais de 30. Não há calças nem casacos para todos, frisa.

“Neste momento, recebemos parte do equipamento que estaria disponível para nós. Só recebemos botas, luvas e cógulas. Dólman e calças ainda não recebemos, não conseguimos distribuir. Mesmo que tivéssemos distribuído 36 para uma corporação de 88, [um acidente] poderia acontecer a quem nós não atribuíssemos”, refere João Carlos Almeida.

O bombeiro ferido apresenta queimaduras de primeiro e segundo grau, mas não entrou em contacto com o fogo. João Carlos Almeida acredita que, com equipamento de protecção, este bombeiro não teria ficado ferido. “Essa queimadura surgiu por radiação, ou seja, o bombeiro não teve contacto absolutamente nenhum com as chamas. Não houve queimadura em contacto com as chamas, mas provocada pelo calor que se fazia sentir na altura. Ela era o primeiro homem, o homem da agulheta, portanto está mais susceptível a esse tipo de calor.”

O bombeiro ferido foi transportado para o Hospital de Viseu e, de acordo com a agência Lusa, não corre perigo.

O incêndio em Castro Daire teve início pelas 16h18 e foi dominado ao início da noite desta terça-feira.

Liga lamenta atraso nos concursos de equipamento
O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses afirma que a falta de equipamento é um cenário é generalizado a todo o país. Jaime Marta Soares recorda que os concursos para a aquisição de material de protecção estão atrasados.

“Nós desejaríamos que já todas as associações de bombeiros em Portugal já tivessem os equipamentos, como foi tratado a partir de Março de 2013 para que se fizessem concursos públicos, pelo menos, para 50% dos bombeiros portugueses e um novo concurso está a ser feito agora pela Autoridade Nacional de Protecção Civil mais 50% para equipamentos de protecção individual que garantem melhor a integridade física de todos aqueles que o envergarem. Por isso, lamentamos que até hoje não esteja feita essa cobertura, pelo menos, dos 50% que ficaram acordados”, afirma o presidente da Liga de Bombeiros, em declarações à Renascença.

Portugal vive neste momento a “Fase Charlie”, que é a mais crítica no dispositivo de combate a incêndios florestais.

O ministro da Administração Interna disse há cerca de um mês que estava preocupado com o atraso na entrega dos equipamentos de protecção aos bombeiros. Miguel Macedo, citado pela agência Lusa, acrescentava que a responsabilidade era das comunidades intermunicipais, organismos que agregam as autarquias.

No ano passado morreram oito bombeiros no combate aos incêndios florestais que assolaram Portugal, mais quatro vítimas em relação a 2012.

[notícia actualizada às 22h51]