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De Norte a Sul, como foi a prova de avaliação de professores?

22 jul, 2014

Professores contratados falam em "grande derrota do Governo". Ainda não há balanço do Ministério da Educação.

De Norte a Sul, como foi a prova de avaliação de professores?
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, classificou hoje a prova de avaliação dos professores como "uma aberração" que reflecte "a prepotência do Governo" e a "falta de respeito" pelos professores e sindicatos. Arménio Carlos falava à porta da Escola Básica 2,3 Quinta de Marrocos, em Benfica, Lisboa, onde decorreu uma reunião sindical e cerca de 50 professores fizeram a prova. O PCP também esteve presente, em "solidariedade" com os docentes, no protesto contra esta "prova de humilhação".

Esta terça-feira foi dia de prova de avaliação de professores. Marcada por protestos, sobretudo na escola Rodrigues de Freitas, no Porto, decorreu com relativa normalidade noutras regiões do país. É o caso de Leiria: em três escolas do concelho, o exame decorreu sem incidentes.

"Apesar de eu ter estado dentro da escola, na sala que nos foi atribuída para a reunião sindical, por aquilo que me apercebi, tudo decorreu dentro da normalidade, sem incidentes, nem havia razão para haver incidentes", afirmou aos jornalistas João Paiva, dirigente da direcção distrital do Sindicato dos Professores da Região Centro (afecto à Fenprof), no exterior da Escola Secundária Domingos Sequeira.

Dos 41 docentes inscritos para a prova nesta escola, 31 marcaram presença.

“Ilegalidades” em Faro
A sindicalista Ana Simões disse esta terça-feira que vai apresentar queixa, por alegadas ilegalidades cometidas numa escola em Faro, onde, em duas salas, havia apenas um vigilante, numa das quais o exame aos professores começou meia hora depois do previsto.

"Vamos apresentar queixa contra a direcção da escola, vamos apresentar queixa ao Ministério da Educação e vamos pedir a anulação da prova de, pelo menos, estas duas salas e, se for necessário, apresentar queixa também à PSP", sublinhou a dirigente do Sindicato dos Professores da Zona Sul, afecto à Fenprof.

O director do agrupamento que abrange a Escola Secundária Pinheiro e Rosa, onde se deu o atraso, explicou aos jornalistas que deu 45 minutos de tolerância para a realização da prova, devido à perturbação causada pelo barulho no exterior da escola.

Vestidos de negro, os elementos do movimento Boicote & Cerco entregaram cravos vermelhos a alguns dos professores que iam entrando na escola para realizar a prova. Foram depois avisados pela PSP para não continuarem a fazer barulho.

"Grande derrota do Governo"
A Associação Nacional de Professores Contratados (ANVPC) garante que, em muitas escolas do Norte do país, não houve qualquer professor vigilante disponível para vigiar as provas de avaliação dos docentes, o que obriga a marcar nova data.

"Em algumas escolas do norte, não houve mesmo qualquer professor vigilante disponível para vigiar a prova. Ainda estamos a contabilizar em quantas escolas isso aconteceu, mas é uma grande derrota do Governo, porque, mesmo que tivesse apenas acontecido numa a prova, irá ter de ser repetida", disse à Lusa o presidente da ANVPC, César Israel Paulo, num balanço das provas e protestos.

O dirigente sindical Carlos Counhago adiantou que, na Escola Básica 2,3 Rainha Santa Isabel, na Carreira, dos quatro docentes inscritos para a prova compareceram dois, não se tendo realizado a reunião sindical.

Já na escola Henrique Sommer, na Maceira, fizeram a prova cerca de 20 dos 30 professores inscritos. Vários docentes contratados compareceram no início da reunião sindical e acabaram por ir fazer a prova, revelou o sindicato.

A prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos (PACC), desta terça-feira, que foi remarcada com três dias úteis de antecedência, destina-se a todos os professores contratados com menos cinco anos de serviço que a não puderam fazer a 18 de Dezembro, devido a uma greve de docentes e a incidentes em várias escolas. Cerca de quatro mil professores contratados estavam inscritos.