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Avaliação de professores

Marcação da prova parece "uma coisa tipo PREC", diz Marçal Grilo

22 jul, 2014

Para o ex-ministro da Educação, a prova de avaliação é "útil", mas faz perguntas "infantilizadas". Governo erra ao não chegar a compromisso com os sindicatos.

Marcação da prova parece "uma coisa tipo PREC", diz Marçal Grilo

Marçal Grilo não contesta a existência de uma prova de avaliação dos professores contratados. Mas a forma como foi marcada, com três dias úteis de antecedência. lembra ao ex-ministro da Educação "um jogo de uma RGA [reunião geral de alunos], uma coisa tipo PREC".

"Marcamos a prova agora de repente para ver se os apanhamos descalços. Eu não sou grande apreciador deste tipo de atitudes", critica, à Renascença, o ex-ministro de António Guterres.

O Ministério da Educação anunciou com três dias úteis de antecedência a remarcação da prova para esta terça-feira. Os sindicatos não gostaram – falaram mesmo em "sacanice".

A prova destina-se a todos os professores contratados com menos de cinco anos de serviço que não a puderam fazer a 18 de Dezembro devido aos boicotes que alguns professores organizaram. 

Perguntas "infantilizadas"
"A existência da prova está mais do que escrutinada, é uma decisão que vem inclusivamente do governo anterior" e "não está em causa se deve haver a prova ou não", concede Marçal Grilo.

Mas o "processo" tem vários problemas, aponta o administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, a começar na falta de diálogo entre tutela e sindicatos e a acabar nas perguntas "um bocadinho infantilizadas" da prova.

"Li este fim-de-semana extractos de perguntas do primeiro teste que foi feito em Janeiro e fiquei um bocadinho perplexo com algumas das questões", confessa. "Não sou especialista em avaliação, e, portanto, estou aqui a falar um bocado de cor, mas, para mim pelo menos, não seria aquilo que eu estaria à espera".

Marçal Grilo diz que "o modo como se encararam os sindicatos e uma parte dos professores" não indicia "uma relação saudável" entre o Governo e a classe docente.

"[A prova] Parece-me uma coisa muito aceitável, parece-me até útil. Isto tem que ser um bocadinho negociado [com os sindicatos]. Não podemos fazer imposições sucessivas das coisas", defende.