21 jul, 2014 • Fátima Casanova
Os dirigentes sindicais não podem entrar nas escolas esta terça-feira de manhã, durante a realização da prova de avaliação de professores, diz à Renascença Filinto Lima, vice-presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).
Depois da marcação relâmpago da prova de acesso à carreira docente, os sindicatos, sem possibilidade de convocar greve, voltaram-se para a realização de plenários de professores a realizar esta terça-feira de manhã nas cerca de 80 escolas onde vai decorrer a prova.
A coincidência não agradou ao ministro da Educação, Nuno Crato, que através da Direcção-Geral de Estabelecimentos Escolares avisou os directores, por correio electrónico, para que o acesso às escolas seja limitado às pessoas envolvidas na realização da prova.
“O que isto quer dizer é que, amanhã [terça-feira], as escolas públicas portuguesas, durante a parte da manhã, porque há esta prova que é considerada um serviço de natureza urgente e essencial por parte do Ministério da Educação, só poderão ter acesso às salas de aula os professores contratados, que vão fazer a prova, e os professores vigilantes”, explica à Renascença Filinto Lima.
De acordo com o documento enviado pelo ministério, os dirigentes sindicais não podem entrar nas escolas, sublinha Filinto Lima. "De acordo com o documento que a tutela nos enviou, os dirigentes sindicais que amanhã queiram entrar na escola, nós obedecendo àquilo que temos à nossa frente e temos que fazer cumprir, não os podemos deixar entrar".
"Contornos" indesejáveis
“Nas últimas horas, isto começa a ganhar contornos que nós não desejamos. Queremos que amanhã as pessoas estejam tranquilas, quer as que vão fazer a prova quer as que estão a vigiar a prova, e queremos demonstrar que estamos a aplicar a lei”, refere o dirigente da ANDAEP.
Filinto Lima esclarece, no entanto, que não há nenhum impedimento para que os plenários de professores se realizem nas escolas, mas durante a parte tarde, depois das provas.
O vice-presidente da ANDAEP é director da escola Dr. Costa Matos, em Gaia, uma das mais de 80 onde esta terça-feira se realiza a prova de acesso à carreira docente.
Reconhece que teve de tomar medidas excepcionais, entre elas, a convocação de 32 professores, quando só precisa de oito para vigiar a prova. “Num caso normal eu não convocaria tantos, num caso normal convocaria os efectivos e meia dúzia de suplentes. Outros colegas convocaram todos os professores. Eu não fiz isso, mas podia fazê-lo”, diz Filinto Lima.
Fenprof pede demissão de Crato
Os sindicatos não gostaram das orientações veiculadas pela tutela. A Federação Nacional de Professores (Fenprof) já anunciou que vai apresentar uma queixa-crime contra o director-geral de estabelecimentos escolares, que emitiu a nota enviada às escolas. Esta segunda-feira, em conferência de imprensa, Mário Nogueira pediu mesmo a demissão de Nuno Crato.
Os dirigentes sindicais prometem chegar às escolas a partir das 8h00 para a realização de plenários.
Também o movimento “Boicote & Cerco” promete protestar contra a prova. Nos últimos dias realizaram-se reuniões em várias capitais de distrito para preparar acções. Já estão decididas, mas a forma não será divulgada, porque a ideia é surpreender o ministro Nuno Crato.