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Emigração

"Criar condições para todos em Portugal não pode ser um objectivo em si mesmo"

03 jul, 2014

Marçal Grilo defende a melhor formação possível para que os jovens se possam realizar em Portugal ou no estrangeiro.

"Criar condições para todos em Portugal não pode ser um objectivo em si mesmo"
A ideia de que é preciso criar condições em Portugal para acabar com a emigração “não pode ser um objectivo, em si mesmo”, defende Marçal Grilo em entrevista à Renascença. O antigo ministro da Educação considera que é preciso dar aos jovens a “melhor formação possível e todas as oportunidades possíveis de aprenderem”, para que que possam ser pessoas realizadas em Portugal ou no estrangeiro

A ideia de que é preciso criar condições em Portugal para acabar com a emigração “não pode ser um objectivo, em si mesmo”, defende Marçal Grilo em entrevista à Renascença.

O antigo ministro da Educação considera que é preciso dar aos jovens a “melhor formação possível e todas as oportunidades possíveis de aprenderem”, para que que possam ser pessoas realizadas em Portugal ou no estrangeiro.

“Nós temos que continuar a educá-los, dar-lhes todas as oportunidades possíveis para eles aprenderem, aprenderem a fazer coisas concretas. Quando não podem fazer em Portugal, fazem fora. A ideia de que temos de criar aqui condições para todos não pode ser um objectivo, em si mesmo”, argumenta.

Para o administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, “o pior que nos pode acontecer é termos uma população que nem tem emprego aqui nem tem condições para emigrar, em termos de poder ter uma actividade profissional”.

Cada vez há mais licenciados a abandonar o país. Marçal Grilo considera que estes jovens podem realizar-se no estrangeiro, dar um “grande contributo para o colectivo” e podem “perfeitamente regressar a Portugal” um dia mais tarde.

Elites políticas falharam
O antigo ministro considera que as elites políticas falharam nos últimos anos e podiam aprender com o sector da ciência.

“Há uma grande diferença entre o que são, hoje, as elites políticas e, por exemplo, as elites que se movem na área da ciência. Há uma grande diferença de qualidade, de racionalidade no processo e há uma grande diferença na forma como as instituições estão organizadas”, sublinha.

Marçal Grilo deixou o Governo em 1999. Em comparação com essa altura, diz que a qualidade do pessoal político tem vindo a diminuir e a “vida política tornou-se muito pouco atractiva”. 

“Naquela altura o Parlamento tinha um conjunto de 30 ou 40 pessoas de alta qualidade. Hoje não sei se existem essas 30 ou 40 pessoas de alta qualidade no Parlamento”, conclui.

Nesta entrevista à Renascença, Marçal Grilo revelou ter ficado "triste" com debate do Estado da Nação e alertou que clima político "não é perigoso, é perigosíssimo".