“Aldeia sem escola é como uma carroça sem burro”

Habituados às correrias e brincadeiras das crianças pelas ruas da aldeia, os populares de Curalha, no concelho de Chaves, estão contra o encerramento da escola na localidade.

Nuno Santos veio de Braga. Há pouco tempo, fixou-se na aldeia, onde abriu um supermercado, e não concorda com o fecho do estabelecimento, por entender que isso “vai causar muitos transtornos às crianças e às famílias, pois a escola mais próxima ainda fica um pouco distante e, no Inverno, o tempo é complicado”.

“Gasta-se tanto dinheiro mal gasto em tantas coisas... Na educação, as coisas não estão a correr bem”, desabafa, à reportagem da Renascença. José Sousa acha “feio” encerrar a escola da freguesia, “porque faz muita falta”. Remate, filosoficamente: “Uma aldeia sem crianças é como uma carroça sem burro”.

Contra o encerramento da escola está também o presidente da Junta de Freguesia. Domingos Alves considera que “a aldeia vai ficar mais pobre, vai perder alma, tal como o resto das freguesias do Interior que estão a ser esvaziadas de pessoas, porque não há emprego”.

Para o autarca, fechar a escola "vai acentuar mais o despovoamento”, pois esta política "vem toda a pensar em manter os aglomerados, as cidades vivas, à custa do esvaziamento das aldeias”.

A frequentar a escola básica de Curalha estiveram, este ano lectivo, 17 crianças, mas o autarca garante que, no próximo, o número já seria superior,“o suficiente para ter a escola legalmente aberta”.

Domingos Alves fala em “falta de sensibilidade por parte de quem gere esta matéria” e em “apetite de encerrar”. “Não se encerra pela teoria - que dizem que é pedagógica - e para o melhoramento das condições escolares das crianças, mas sim por um apetite de encerrar e mais nada”, lamenta.

Com o encerramento da escola da freguesia, as crianças de Curalha vão frequentar a escola em Chaves, a cerca de cinco quilómetros da aldeia.

Veja aqui a lista das 311 escolas que vão encerrar. O distrito de Viseu é aquele que vai ter mais escolas fechadas (57), seguem-se Aveiro e Porto