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Reitores quebram diálogo com Governo. Faltam verbas nas universidades

17 jun, 2014 • Rosário Silva

Decisão do Constitucional que repôs parte da massa salarial é um problema para a tesouraria das universidades. Um problema orçamental em cima de outro que ainda está por resolver.

Reitores quebram diálogo com Governo. Faltam verbas nas universidades

Ainda não resolveram um problema – os 30 milhões de euros prometidos pelo Governo e que ainda não chegaram – e já têm outro à porta. Os reitores das universidades portugueses exigem receber mais 55 milhões de euros para fazer face ao chumbo do corte nos salários dos funcionários públicos decidido pelo Tribunal Constitucional.

Caso contrário, avisa o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), as instituições públicas de ensino superior podem ver o seu funcionamento comprometido.

O CRUP reuniu-se esta terça-feira no pólo da Mitra da Universidade de Évora, em Valverde. Os reitores suspenderam o diálogo com o Governo sobre as mudanças na fórmula de financiamento do ensino superior “até haver uma clarificação da dotação orçamental para o corrente ano”, afirma a instituição em comunicado.

Os 55 milhões de euros exigidos pelos reitores referem-se ao “reforço da dotação salarial desde Junho até Dezembro de 2014”, explica o presidente do CRUP, António Rendas. A eles somam-se os 30 milhões que ainda não chegaram às universidades.

Se o dinheiro não for transferido, “todas as universidades nos próximos meses vão entrar num processo de extrema dificuldade orçamental”, avisa Rendas.

O pagamento de salários, água e electricidade ficará em causa, concretiza. “Estamos a falar, claramente, da viabilidade do sistema de ensino superior”.

Aguentar até quando?
O reitor da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra, reforça a mensagem: “É urgente haver uma decisão sobre o reforço da dotação do Orçamento de Estado para as universidades portuguesas. Há universidades que tem condições para aguentar um mês, outras dois, outras três, mas eu diria que para além disso já ninguém consegue aguentar”.

“O dinheiro que está a ser usado para fazer o pagamento do aumento da massa salarial é dinheiro imprescindível para executarmos os projectos”, diz António Cruz Serra.

“Há gente muito nervosa no sistema porque o que está em causa é o nosso funcionamento e a nossa capacidade de pagar salários a curto prazo” conclui o reitor da Universidade de Lisboa.

O CRUP decidiu suspender a sua participação no processo de revisão da fórmula de financiamento do ensino superior até que haja uma clarificação. O Conselho de Reitores vai aguardar até 28 de Junho, data em que volta a reunir para um encontro extraordinário.