"Há crianças a lavar pratos de manhã à noite". É a factura da crise
12 jun, 2014
Alerta é da presidente da Confederação Nacional de Acção Sobre o Trabalho Infantil.
Há uma parcela de trabalho infantil na factura da crise. A presidente da Confederação Nacional de Acção Sobre o Trabalho Infantil (CNASTI) não tem dúvidas: as situações de carência grave das famílias potenciaram o trabalho de menores.
“Na relação crise/trabalho infantil, o que podemos dizer é que há uma maior propensão das pessoas em pôr as crianças a trabalhar, até porque em situação de carência grave familiar todo o dinheiro que possa entrar será bem-vindo”, afirma Fátima Pinto à Renascença.
“Nas regiões, sobretudo, das fábricas de calçado continua a haver o trabalho ao domicílio; nas zonas de turismo existe muitas crianças que vão trabalhar para restaurantes, por exemplo, a lavar louça. Começam a trabalhar de manhã e saem quando o restaurante fecha”, revela numa outra entrevista, à agência Lusa.
Esta quinta-feira, assinala-se o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, que este ano chama a atenção para o papel da protecção social para manter as crianças afastadas do trabalho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), que instituiu esta data em 2002, afirma que "a pobreza e os choques económicos", como o desemprego, são os principais factores que levam as crianças a trabalhar.
“Estamos a assistir a crianças que vão pedir, a crianças que são introduzidas no tráfico muito mais cedo do que era habitual” e casos de prostituição infantil, sobretudo nas grandes cidades, alerta ainda a presidente da CNASTI.
Em 2013, foram detectados 49 menores alegadamente vítimas de tráfico, revela o relatório do Observatório do Tráfico de Seres Humanos. À Linha SOS-Criança, do Instituto de Apoio à Criança, foram reportados 16 casos de mendicidade, seis de trabalho infantil, cinco de abandono escolar e dois de prostituição infantil.