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Alunos têm muitas horas de aulas, programas longos e turmas grandes

28 mai, 2014

Jovens querem um corpo docente mais estável e sugerem uma melhoria na orientação da vocação profissional, indica estudo.

Alunos têm muitas horas de aulas, programas longos e turmas grandes
A carga horária dos alunos do 10º ano é muito elevada, alguns programas são muito extensos e o sucesso escolar poderia ser mais facilmente atingido com turmas mais pequenas. Estas são algumas das conclusões do estudo "Cursos Científico-Humanísticos e o alargamento da escolaridade obrigatória - medidas educativas de inclusão".

Este estudo teve por base respostas de 4.676 estudantes portugueses, que no ano lectivo passado frequentavam o 10.º ano, mas também opiniões de directores de escolas e pais, também entrevistados para o trabalho coordenado por Marília Cid, do Centro de Investigação em Educação e Psicologia, da Universidade de Évora.

Sobre a carga horária, "dizem que não lhes deixa muito tempo para estudarem ou fazerem outras actividades fora da sala de aula", contou à agência Lusa Marília Cid.

Os alunos e psicólogos entendem ainda que "a articulação entre o básico e o secundário não está muito bem conseguida" e que as notas tendem a baixar quando chegam ao secundário.

Os estudantes querem exigência e rigor na preparação para o futuro, mas mais de metade admite estar descontente com as notas: "Sentem-se satisfeitos com as escolhas feitas, mas depois sentem uma grande diferença em relação ao ensino básico", disse.

A importância dos professores e das escolhas
Os mais insatisfeitos com os resultados escolares são os rapazes da área de Ciências Socioeconómicas (CSE) que nunca reprovaram, não tiveram
explicações e têm uma média entre 10 e 13 valores no 2º período do 10º ano. Já as raparigas de Ciências e Tecnologias (CT), que não frequentam explicações e têm classificações médias de "Muito Bom" são as mais concretizadas.

A estabilidade do corpo docente e o clima na escola foram outras das sugestões feitas, sendo que os alunos acrescentaram ainda a "importância
de uma boa relação com os professores e a competência pedagógica dos docentes".

Muitos alunos sentem-se perdidos no momento de decidir o seu futuro e por isso sugerem uma "melhoria na orientação da vocação profissional".

Através do estudo é possível perceber que os alunos de CT e CSE estão mais associados a percursos escolares sem reprovações, em relação aos de Artes Visuais e Línguas e Humanidades.

O estudo, que não inquiriu os alunos dos cursos profissionais, mostra que a maioria dos estudantes estaria a estudar mesmo que o ensino não fosse obrigatório até aos 18 anos. No entanto, existe uma pequena franja de estudantes que admite que, se a situação económica fosse diferente, deixariam de estudar.

"Se as oportunidades de trabalho fossem diferentes, alguns alunos dizem que não estariam a estudar", contou a coordenadora do estudo elaborado através de um protocolo com a Direcção Geral da Educação do Ministério da Educação e Ciência (MEC).